O agronegócio brasileiro é referência no mundo. De antemão, o estudo “Sustentabilidade produtiva e efeito poupa-florestas na agricultura: um comparativo internacional”, divulgado em março de 2024, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que o Brasil é considerado líder em produtividade sustentável no segmento. Entretanto, para pavimentar cada vez mais esse caminho é vital que um tema-chave esteja na agenda prioritária das lideranças deste setor. Ou seja: o compromisso com a boa governança. Além das boas práticas de gestão.
A pesquisa comparou o Brasil com 10 países. Como, por exemplo, Alemanha, Canadá, China, Espanha, Estados Unidos, França, entre outros. O estudo traz uma constatação que, embora não seja surpresa para muitos, já que essa preocupação é intrínseca do segmento, mostra o quanto o agronegócio consegue realizar uma transição de gerações preservando valores importantes. Afinal, muitas empresas desta área são familiares e estão, por vezes, na terceira geração.
Boas práticas de gestão
Outro estudo, intitulado ‘Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros’, foi realizado pela KPMG no Brasil. E pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Nesse sentido, trouxe, de forma pioneira, um raio-X sobre a adoção de práticas de governança corporativa no setor.
A princípio, a pesquisa revelou que 85% dos respondentes consideram a governança importante ou muito importante para o seu negócio. Isso em um universo de 367 empreendedores rurais de grande porte, com alto grau de escolaridade e representativos de todas as regiões brasileiras.
Outro dado que surpreende é que, para 54% dos entrevistados, o plano de sucessão é tido como a principal necessidade. Assim, à frente de questões importantes da operação, como mapeamento dos riscos corporativos e riscos operacionais (52%) e melhorias no ambiente de controles internos e de compliance (51%). A profissionalização da gestão, outro tema fundamental nessa agenda, aparece em 5º lugar, com 45%.
Novas tecnologias
Com mais abertura a novas tecnologias, inclusive de gestão, muitos jovens estão migrando ou fazendo carreiras em empresas do setor, por vezes, em cidades pequenas e médias. Ou seja, onde estão localizadas parte considerável das empresas do setor. No entanto, se engana quem acredita que essa parcela da população é minoria no segmento.
Dessa forma, pesquisa de 2023 da consultoria EY, em parceria com a CropLife Brasil, associação que reúne as principais empresas atuantes na cadeia produtiva do agro, mostra que pessoas entre 25 e 44 anos representam quase 60% dos empreendedores rurais no país.
A partir de todos os dados acima, pois, fica claro que desenvolver sucessores no agronegócio é uma tarefa estratégica para garantir a continuidade e o crescimento sustentável do setor. Antes de mais nada, esse processo deve ser cuidadosamente planejado e executado. Focando em várias frentes para preparar as novas gerações para liderar com eficácia.
Conhecimentos
Primeiramente, é essencial oferecer uma educação robusta, que combine conhecimentos técnicos específicos do agronegócio com habilidades de gestão e liderança. Ademais, programas de mentoria e coaching podem ser implementados para facilitar a transferência de conhecimento. E de experiência dos líderes atuais para os futuros sucessores.
Além disso, a imersão prática é fundamental. Proporcionar aos jovens líderes a oportunidade de assumir responsabilidades crescentes dentro das empresas familiares permite que eles desenvolvam uma compreensão profunda dos desafios e oportunidades do negócio. Em síntese, isso pode incluir desde a participação em projetos específicos até a ocupação de posições estratégicas temporárias. Porém, sempre com acompanhamento e feedback contínuos.
Inovação e boas práticas de gestão
Por outro lado, a abertura para novas tecnologias e inovação é outro aspecto importante. Incentivar os sucessores a explorar e adotar tecnologias emergentes pode trazer um novo dinamismo ao setor. Promovendo, assim, a eficiência e a sustentabilidade.
Por fim, fomentar uma cultura organizacional que valorize a governança e a responsabilidade socioambiental ajuda a assegurar que as próximas gerações de líderes estejam alinhadas com os valores e objetivos estratégicos do agronegócio brasileiro.
Em suma, a formação de sucessores bem-preparados é vital para garantir que o agronegócio brasileiro não apenas mantenha sua posição de liderança global. Mas, também, continue a evoluir e se adaptar às demandas futuras. Em conclusão, investir na capacitação dos jovens líderes é investir no futuro sustentável e próspero do setor.