6º Fórum Café e Clima: Lavouras impactadas pela seca e altas temperaturas

6º Fórum Café e Clima: Lavouras impactadas pela seca e altas temperaturas

Evento realizado em Guaxupé/MG pela Cooxupé orientou cafeicultores sobre as perspectivas para a safra 2025 diante das condições climáticas

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A Cooxupé apresentou, no dia 31 de julho, durante a realização do 6º Fórum Café e Clima, em Guaxupé/MG, as condições da atual safra de café e as expectativas para safra 2025. Primeiramente, o evento abordou os impactos de um ano atípico para a cafeicultura. Marcado, dessa forma, por desafios climáticos como o El Niño, que afetou diretamente a produção. Para o próximo ano agrícola, pois, a possibilidade de chuvas mais regulares a partir do final de setembro pode contribuir com a safra. Entretanto, o cenário ainda é de precaução devido às lavouras impactadas pela seca, altas temperaturas e estresses térmico e hídrico.

6º Fórum Café e Clima

Guilherme Teixeira analisou as condições meteorológicas da safra 2024-2025 na área de atuação da Cooxupé

Com três palestrantes convidados, o consenso entre os especialistas foi de que o ano tem sido particularmente difícil para o setor cafeeiro. Assim, o engenheiro agrônomo Guilherme Vinícius Teixeira, coordenador do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé, apresentou uma análise detalhada das condições meteorológicas da safra 2024/2025. Isso na área de atuação da cooperativa, que compreende mais de 300 cidades do Sul e Cerrado de Minas Gerais. Além da média mogiana do estado de São Paulo e Matas de Minas.

De acordo com ele, a safra atual enfrenta dificuldades significativas, devido à uma combinação de estresses térmico e hídrico. De antemão, as altas temperaturas e a amplitude térmica elevada comprometeram negativamente o armazenamento de água no solo. Havendo, portanto, impacto direto nas lavouras.

Lavouras impactadas

Além disso, a quantidade de chuvas tem sido insuficiente, com aproximadamente 120 dias sem precipitações significativas desde março deste ano. Isso de acordo com os dados do SISMET (Sistema de Monitoramento Meteorológico da Cooxupé). “A continuidade das condições climáticas desfavoráveis poderá acarretar perdas consideráveis na safra 2025”, alertou.

Teixeira observou, ainda, que o estresse térmico está consumindo a energia produzida pelas plantas. Provocando, sobretudo, reflexos na produtividade.  Outro agravante ocorre nas regiões com menor altitude, que têm enfrentado temperaturas mais altas. Exacerbando, em seguida, os desafios enfrentados pelos cafeicultores. 

Perspectivas para 2025

Marco Antonio dos Santos compartilhou previsões sobre o fenômeno La Niña e seus impactos na cafeicultura

Depois, o agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, sócio-fundador da empresa Rural Clima, compartilhou previsões detalhadas sobre a La Niña. Em primeiro lugar, o fenômeno deverá se manifestar esse ano, entre o final de setembro e o início de outubro. Ou seja, com uma intensidade variando de fraca a moderada.

Apesar da demora, a previsão é de que haverá chuvas entre o final do mês de setembro e a primeira quinzena de outubro. Nesse sentido, desencadeando uma possível florada com bom pegamento e uniformidade. A expectativa é que o pico da La Niña ocorra, especialmente, em janeiro de 2025. E possibilite um ano menos difícil para a cafeicultura, segundo o especialista.

“O fenômeno possibilita essa condição, porém não significa que devemos ficar despreocupados. É preciso mudarmos a forma de ver o clima diante das mudanças climáticas que têm ocorrido”, apontou Santos.

Ainda durante sua palestra, o agrometeorologista mencionou que La Niña também poderá beneficiar a cafeicultura em países da Ásia. Que são, aliás, concorrentes do café brasileiro.

Desafios

Prof. Dr. José Donizeti Alves explicou que as lavouras estão sob constante pressão e não apresentam mais o padrão de bienalidade

Em síntese, o Prof. Dr. José Donizeti Alves, engenheiro agrônomo e docente em Fisiologia Vegetal na Universidade Federal de Lavras (UFLA), ressaltou que, embora as previsões de chuva se concretizem, as lavouras estão sob constante pressão. E não apresentam mais o padrão de bienalidade.

Ele destacou, inclusive, que a necessidade de avançar na produtividade sob condições de estresse é essencial. E falou de estratégias para minimizar os impactos do calor e da seca. Principalmente durante os períodos de veranicos.

Estratégias adaptativas de manejo

Alves enfatizou a importância de estratégias de manejo adaptativas para as lavouras impactadas. Como, por exemplo, o uso de sistemas de irrigação, para mitigar os reflexos do clima.

“A irrigação é um recurso crucial para enfrentar esses desafios. Juntamente com a adubação adequada, uso de bioestimulantes, estratégias de renovação e podas das lavouras. Ademais, é preciso o uso de variedades tolerantes e monitoramento do clima. Assim, conseguiremos amenizar o estresse térmico”, indicou.

De acordo com o professor, o estresse térmico foi o fator que mais impactou a produção de café nesta safra. Tanto em lavouras irrigadas quanto em sequeiros, por isso a necessidade de se precaver.

“A tendência é de chuvas mais regulares se mantendo ao longo de toda safra e de veranicos intermitentes não tão prolongados, conforme apontou o Marco Antônio. Porém, o problema é se eles ocorrerem com calor intenso. O meu temor é ter estresse térmico novamente, por isso é preciso prevenção. Hoje, o calendário é fenológico e o clima é soberano”, concluiu Alves.

Em conclusão, clique aqui e assista ao evento completo.


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