Beber até 3 xícaras de café por dia reduz o risco de doenças cardiovasculares
Já muito classificado como perigoso à saúde do coração, estudos recentes apoiam o consumo equilibrado do café
Historicamente aponta-se o café como vilão para pessoas portadoras de problemas cardíacos, como as arritmias. Mas, cada vez mais estudos indicam e constatam que o consumo da bebida ajuda a melhorar a qualidade de vida de seus consumidores. Bem como a prevenir algumas doenças, inclusive as doenças cardiovasculares.
O Dr. Fernando de Valais, cardiologista especializado em arritmias e eletrofisiologia da Fundación Arrhythmia Alliance Argentina, rejeita essas alegações sobre o café. E recorre aos resultados das últimas pesquisas científicas, segundo reportagem publicada pelo Infobae.
“Na reunião anual do American College of Cardiology, realizada em Washington, o Dr. Peter M. Kistler e colegas de Melbourne, Austrália, apresentaram os resultados de um extenso banco de dados. E concluíram que a ingestão de 2 a 3 xícaras de café por dia diminui entre 8 e 15%, em 10 anos, o risco de morte e eventos cardiovasculares. Isso sem aumentar a incidência de arritmias”, disse o especialista em diálogo com o Infobae.
Arritmias
De acordo com algumas estimativas, a fibrilação atrial (FA), a arritmia cardíaca, afeta cerca de 33,5 milhões de pessoas em todo o mundo. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que as doenças cardiovasculares, incluindo as arritmias, são a principal causa de morte em todo o mundo. “ O papel causal de certas condições ou hábitos em relação às arritmias é muito claro. Mas carece de evidências científicas suficientes quando se trata de café ”, disse de Valais.
O especialista assegurou que “entre os diferentes componentes do grão de café, o mais conhecido é a cafeína, com ação estimulante sobre o sistema nervoso central, o coração e todo o sistema cardiovascular”. Razão pela qual “tende a estar associado ao café um maior risco de doenças cardíacas e até arritmias”.
Benefícios do uso moderado
Ao mesmo tempo, ele lembrou outra investigação que tiveram os resultados divulgados recentemente. O estudo do Dr. Eun-Jeong Kim e colegas (publicado no JAMA Internal Medicine em 2021) avaliou 386.258 pessoas, por uma média de 4,5 anos.
O estudo observou que os voluntários, com idade média de 56 anos, reduziram a incidência de diferentes arritmias em 3% após cada xícara de café adicional. “Independentemente de os participantes serem metabolizadores rápidos ou lentos”.
Da mesma forma, o cardiologista assegurou que a metodologia estatística do estudo “permitiu excluir elementos que poderiam confundir como o consumo de álcool, tabagismo, nível de escolaridade alcançado e atividade física”.
Uma ingestão moderada de café, de acordo com os dados que emergem de estudos observacionais, seria entre uma e 3 xícaras por dia. O que equivale a cerca de 270 mg de cafeína no máximo.
Em casos pontuais, onde há uma clara associação temporal entre a ocorrência de arritmias e a ingestão de café, deve-se evitar o consumo do café, acrescentou o especialista.
“Embora os estudos observacionais apresentem aspectos questionáveis e não devam ser usados para comportamentos de suporte, eles parecem mostrar que não há evidências suficientes para contraindicar o consumo de café com a finalidade de prevenir arritmias cardíacas na população em geral”, afirmou Valais.