Como é formado o preço do café?  

Como é formado o preço do café?  

Conheça as etapas para a precificação desta commodity; a formação leva em conta os custos de produção, diferenciais do grão e cotações internacionais

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O café que chega até sua mesa percorre um longo caminho, que começa na lavoura, com todo o processo de produção. Mas, existem diversas etapas como colheita, transporte, processamento e classificação que, por exemplo, pesam nos custos finais do café. Diante disso há uma curiosidade sobre como é a formação do preço do café.

E como funciona a formação de preço do café que o produtor recebe por sua comercialização?

A tomada de decisão na venda do café é de fundamental importância para a rentabilidade do cafeicultor. E, também, para não pressionar ainda mais o mercado em momentos em que as cotações já estão sofrendo pressão.

Antes de mais nada, o produtor precisa saber os gastos com a produção, adubação, manejo, colheita e transporte.

E para ajudar nos cálculos, a CONAB disponibiliza uma planilha que ajuda nessa precificação. Basta colocar na tabela os custos fixos e variáveis, que são diferentes a depender do tipo do grão, ou seja, arábica ou conilon.

No entanto, nessa primeira etapa é preciso muita organização para anotar tudo e ter as informações corretas para, dessa forma, não ter prejuízos.

Preço do Café: conjunto de fatores

Estamos falando de uma commodity (mercadoria, em inglês), e como tal, é produzida em grandes quantidades e por diferentes produtores. Essa teia de fornecedores nacionais e internacionais influencia, também, no preço para o mercado externo.

O balanço entre oferta x demanda é extremamente importante, mas existem outros fatores que influenciam fortemente os preços do café.

Luiz Fernando dos Reis, gerente comercial da Cooxupé, explica que a Bolsa de Nova Iorque é, atualmente, o principal instrumento de hedge (proteção) para operadores de café arábica de todo mundo.

“Nela chegam a ser comercializadas mais de 30 safras mundiais de café arábica conforme levantamento recente. E, portanto, tem um nível de liquidez muito alto e consequentemente alta volatilidade”, afirma Reis.

Outras influências

O gerente comercial da Cooxupé comenta, ainda, sobre as cotações do café. “Os fundamentos, obviamente, também exercem pressão sobre as cotações, porém com maior intensidade no médio e longo prazo. E qualquer fundamento importante pode impactar o tamanho desse desconto, aumentando ou diminuindo, o que impacta diretamente no preço final pago ao produtor”, conta.

Nesse sentido, Reis desmistifica alguns elementos. “A estrutura comercial do café não funciona exatamente como muitos acreditam! O hedge em bolsa é o que permite à Cooxupé atender seu cooperado quando ele quer comercializar sua safra vendendo e quando o cliente internacional quer comprar, pois os momentos são totalmente distintos”, diz.

O papel cooperativista é de grande importância. “Daí também o grande valor de uma cooperativa que agrega vários produtores e gera poder de barganha nas negociações e aproveita boas oportunidades, diferentemente do que seria se os produtores individualmente vendessem café de forma desorganizada”, considera.

Base de cálculo

O conceito do cálculo é sempre o mesmo: Preço de venda na bolsa -/+ diferencial contratado = valor de venda (converter para dólares) * cotação do dólar = valor bruto em Reais – custos em Reais (charge) = preço pago ao produtor em Reais.

Similarmente, para cada qualidade de café são calculados descontos ou prêmios proporcionais à qualidade. Tanto as cooperativas quanto os exportadores possuem nomenclaturas internas para facilitar a identificação com os padrões internacionais, facilitando a “conversa” entre o fornecedor e o cliente.

Por fim, o gerente comercial acrescenta que os cafeicultores brasileiros são, entre todos os países produtores, os que mais recebem em relação ao preço obtido na exportação. “Em média, aproximadamente 92% do valor obtido na exportação do café é repassado diretamente aos cafeicultores”, reforça Reis.

No Brasil, também há cotações do café na bolsa de São Paulo (B3), que é a referência de preços para café brasileiro. Nela pode-se operar futuros, com entrega física e fazer hedge das operações em café.


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