A cafeicultura no Brasil
Maior produtor e exportador de café do mundo, o Brasil tem papel fundamental na produção do grão
O cafeeiro é uma planta originária da Etiópia, mas chegou no Brasil por volta do ano de 1720 e as primeiras mudas e sementes foram plantadas no Pará. Mas, a cultura se adaptou melhor na região de clima mais ameno do Brasil, iniciando pelo Vale do Paraíba nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo e, depois, Minas Gerais, Paraná e Espírito Santo. Por volta de 1850, o Brasil já era o principal produtor de café do mundo e se mantém até hoje nesta posição. Nesta época, o café já representava o principal produto das exportações brasileiras.
A cafeicultura que tem importância comercial no Brasil é representada por 2 espécies principais: Coffea arabica e Coffea canephora, ambas pertencentes à família das Rubiáceas. A espécie Coffea arabica, que é conhecida como Café Arábica, é cultivado principalmente nos estados Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Paraná, Goiás e em parte do Espírito Santo. A espécie Coffea canephora, conhecida como Robusta ou Conilon, é cultivada principalmente nos estados Espírito Santo, Rondônia, Bahia, Acre e Mato Grosso, conforme mostra o mapa abaixo.
O cafeeiro é uma planta perene e pode viver por décadas em plena produção. Normalmente as lavouras de café são renovadas quando têm em torno de 20 a 30 anos, mas nas regiões mais tradicionais é possível encontrar lavouras com mais de 50 anos de idade.
O Café Arábica possui uma característica que é conhecida como bienalidade da produção, ou seja, o ciclo da produção é de um biênio (2 anos). Na prática, o ramo cresce em um ano e no outro ano, este ramo produz. Esta característica faz com que a produção do cafeeiro seja maior em um ano e bem menor no outro. Isto ocorre porque no ano em que a planta tem muitos frutos, a energia da planta é destinada para a produção, ou seja, os frutos são a prioridade da planta. Já no ano em que a planta tem poucos frutos, a energia da planta é destinada ao crescimento dos ramos.
Atualmente, o Brasil tem em torno de 2,2 milhões de hectares de café, sendo em torno de 1,7 milhão de hectares de Café Arábica e em torno de 0,5 milhão de hectares de Café Robusta ou Conilon. A produtividade média do Café Arábica é em torno de 21 sacas por hectare. Já o Café Robusta ou Conilon tem produtividade média maior, em torno de 35 sacas por hectare. Estas produtividades foram calculadas considerando a área total em café e a média de 2 anos, que deve ser considerada devido à característica da bienalidade. Mas, é muito comum encontrar propriedades com produtividade bem acima desta média.
A produtividade é um fator fundamental para a rentabilidade do cafeicultor. Normalmente, fazendas que têm melhores rentabilidades são as que têm melhores produtividades. No caso do Café Arábica, não é difícil encontrar propriedades com produtividade acima de 40 sacas por hectare, ou seja, mais do que o dobro da média do Brasil. E mesmo estas propriedades com boas médias ainda têm potencial para aumentar. Pelas observações de campo, podemos considerar que a produtividade potencial do café seja acima de 60 sacas por hectare. Então estima-se que produzimos aproximadamente 1/3 do potencial da cultura. Isto significa que o Brasil tem potencial para triplicar a produção de café mantendo a mesma área cultivada atualmente.
Esta diferença entre a produtividade potencial e a produtividade real se deve a diversos fatores que acontecem no campo, sendo principalmente baixo número de plantas por hectare, arquitetura inadequada da planta com excesso de brotos por exemplo, mal preparo de solo na formação da lavoura, compactação do solo, nutrição inadequada da lavoura, falhas no manejo de plantas daninhas, pragas e doenças, danos na colheita e adversidades climáticas como falta de água em períodos críticos, geada e chuva de granizo.
Para que estes fatores interfiram o mínimo possível na produtividade da lavoura, o cafeicultor deve implementar tecnologias e práticas agronômicas para preservar o potencial da planta. Muitas vezes, o cafeicultor deixa de executar algumas práticas pensando em reduzir o custo de produção, mas o resultado acaba sendo o contrário. O menor nível de investimento em insumos e tratos culturais na lavoura normalmente torna a produtividade menor. Desta forma, o custo de produção por hectare reduz, mas o custo por saca aumenta, principalmente devido à colheita que é a operação com maior custo da atividade. O custo por saca é inversamente proporcional à produtividade, ou seja, quanto menor a produtividade da lavoura, maior o custo por saca, que é a soma das despesas dividido pela produção. Portanto, se a produção é menor, o custo por saca passa a ser maior, sobrando uma margem de lucro menor para o cafeicultor.
O trabalho de acompanhamento do custo de produção feito pela Cooxupé mostra que, quanto maior a produtividade, maior o custo por hectare, porém menor o custo por saca e maior a margem de lucro por hectare. Lembrando que este é um custo teórico e que, na prática, cada propriedade ou talhão tem um custo diferente. Por isso, o ideal é que cada cafeicultor tenha o controle de todas as despesas e receitas da sua propriedade e construa seu próprio custo de produção. Estas informações serão muito importantes para que as tomadas de decisão no negócio sejam cada vez mais assertivas.
Diante deste cenário, o desafio para os cafeicultores é implementar tecnologias e práticas adequadas e viáveis que vão contribuir para que sejam alcançadas produtividades cada vez mais próximas do potencial e, assim, garantir melhor rentabilidade no negócio.
Confira a tabela de custo de produção mecanizado clicando aqui.
Por fim, confira a tabela de custo de produção manual clicando aqui.