Gahwa, o café que é símbolo do Catar

Você já experimentou um café árabe? Com a aproximação da Copa do Mundo do Catar vamos, de antemão, conhecendo mais e mais da cultura e os costumes do país que vai sediar o evento esportivo. Entre eles, o Gahwa.

 E, dessa forma, somos apresentados a este café, tradicional da região do Golfo Pérsico, que remete à antiguidade, além de reunir uma série de atributos listados pelo G1. Então, vamos conhecer?

Gahwa

 Antes de mais nada, servir o Gahwa é uma tradição muito presente no Catar e em países vizinhos, até o ponto de ele ser considerado um símbolo da “hospitalidade” do país anfitrião da Copa do Mundo de 2022.

E, apesar disso, há quem consuma sem ao menos saber que se trata de uma variedade de café, como a cingalesa Lanka Perera, moradora do Catar há três anos. “Nem sabia que havia grãos de café aí dentro. Não tem o gosto do café que conhecemos”, diz ao G1.

Bebida semelhante ao chá

 A bebida, a princípio, é amarelada, tem a consistência de um chá e forte sabor de especiarias. E a cingalesa afirma que toma o Gahwa quase que diariamente. “Nossos companheiros cataris nos fazem tomá-lo todos os dias, mas não sabia como era feito ou qual era sua origem”, continua.

 O Gahwa está inserido, principalmente, em um ritual de consumo que é como uma porta de entrada à cultura local. Contudo, sua história é longa, sendo que sua origem se deu há pelo menos 600 anos. 

Preparo diferenciado

Nesse sentido, a lenda diz que um pastor do Iêmen descobriu as propriedades dos grãos. E, assim, a composição da bebida se dá a partir de grãos de café que são tostados e cozidos e, por fim, misturado a especiarias como cardamomo e açafrão.

De acordo com a diretora geral do Embrace Doha, Shaima Sherif, a cafeicultura do golfo pérsico extrapolou fronteiras. “O café italiano é muito conhecido, mas vocês sabiam que ele vem daqui, do mundo árabe? Estamos muito orgulhosos disso, pois muita gente o consome”, afirma ao G1.

Gahwa é servido em centros de sociabilidade

Nas majlis – locais de recepção e centros de sociabilidade, principalmente, masculinos – é o chefe de família que prepara o Gahwa. Depois, a bebida é oferecida aos convidados pelos filhos mais jovens. 

A orientação, no entanto, é que o café seja servido com a mão esquerda em uma cafeteira tradicional chamada “Dallah” e dividido em pequenas taças. Estas, contudo, devem ficar cheias até um quarto de sua capacidade para que não se queime a mão direita, utilizada para consumir a bebida. 

Além disso, a degustação também acompanha tâmaras. E a forma de comunicar que está saciado é agitando a taça em vez de comunicar em voz alta. Este costume é uma herança do passado em que pessoas surdas serviam os convidados, como forma, sobretudo, de evitar o vazamento de assuntos estratégicos. 

Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade 

Em 2015, uma iniciativa dos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Omã e Catar fez com que o Gahwa, primeiramente, fosse aceito como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. 

De acordo com a Unesco, o costume auxilia na sociabilização. “Servir o café árabe é um aspecto importante da hospitalidade nas sociedades árabes e é considerado um símbolo de generosidade”, de acordo com a reportagem do G1.