Para ABICS, “o Brasil está redescobrindo o café solúvel”

Para ABICS, “o Brasil está redescobrindo o café solúvel”

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel, percentual de crescimento supera o do produto torrado e moído, motivado pela praticidade e uma nova geração de cafés superiores

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Diferentes segmentos acompanham de perto o perfil de consumo do café no Brasil. Tanto que, constantemente, a indústria faz avaliações embasadas em preferências, hábitos de consumo e gastos mensais com café para entender como esse consumidor se comporta. E, também, para oxigenar as inovações.

Primordialmente, essas amostragens servem para oferecer produtos e serviços que se adequem aos seus gostos e necessidades. E, cada vez mais, o café solúvel se destaca entre as categorias pesquisadas pela Associação Brasileira das Indústrias de Café (ABIC).

Café solúvel

Desse modo, a ABIC destacou o aumento da preferência por café solúvel no mais recente levantamento sobre consumo de café no Brasil.

A explicação para essa consolidação, que passou a se delinear mais fortemente na pandemia, é que as pessoas buscam métodos de preparo práticos e rápidos, sem deixar de lado a qualidade.

E enquanto os cafés em cápsulas tiveram seu apogeu e mantiveram a preferência no gosto de uma parcela considerável dos consumidores, o café solúvel adquiriu ainda mais espaço, entrando em uma curva de ascendência contínua.

Preferência de consumo

De acordo com o Indicador da Indústria de Café 2023, divulgado pela ABIC, o consumo interno de café em pó (torrado e moído) em 2021 (nov/20 a out/21) foi de 20.558.080 sacas de 60 kg/ano.

Porém, no período seguinte, esse volume apresentou um leve recuo. E fechou com queda de 1,12%, com um total de 20.328.160 sacas de 60 kg/ano.

Em compensação, a indústria de café solúvel reportou alta nos últimos dois anos: com 985.308 sacas de 60kg/ano (nov/20 a out/21).

Já no comparativo seguinte (nov/21 a out/22) esse resultado foi de 998.660 sacas de 60kg/ano. O que, afinal, representa elevação de 1,36%.

Em entrevista ao Hub do Café, o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), Aguinaldo José de Lima, comentou que a procura por café solúvel se elevou de forma extraordinária nos últimos anos. Embasado, analogamente, pela versatilidade e praticidade de uso.

“Desde 2016, o café solúvel cresce a 3,6% ao ano, enquanto o café torrado é responsável por menos de 2% ao ano. Isso representa um aumento significativo em função dos produtos novos que surgiram no mercado. E isso é um fenômeno que já vem acontecendo no mundo todo”, diz Lima.

E a essa receita, o diretor da ABICS acrescenta uma boa pitada de potencial para os próximos anos. “Hoje, 20% do consumo mundial é na forma de solúvel, enquanto no Brasil é de somente 5%. E aí é quem vem o grande espaço, já que somos o segundo maior consumidor de café do mundo. O Brasil está redescobrindo o café solúvel. Ele não é apenas um produto para se misturar com leite, é para se tomar puro, de rápido preparo e de aplicabilidades múltiplas”, explica Lima ao Hub do Café.

Metodologia

Em 2022, a ABICS lançou uma Metodologia de Análise Sensorial do Café Solúvel. O intuito, antes de tudo, foi ajudar o mercado consumidor a diferenciar os tipos de cafés.

Desse modo, a entidade reuniu diferentes atributos como sabor, intensidade, adstringência, amargor e corpo, por exemplo. Tudo para mostrar a diversidade de opções e atender ao exigente paladar que, na ponta, encontra uma vasta gama de opções.

“Se observarmos, há um espaço muito maior nas gôndolas de supermercados dedicado ao café solúvel. Isso é fruto da conquista obtida pelas grandes marcas que investiram em novos produtos. Com isso, podemos encontrar blends de robusta, conilon, arábica, enfim, uma gama infinita de produtos e processamentos”, aponta.

Por fim, o diretor da ABICS analisa, confiante, a expansão do segmento. “Seguimos crescendo e esperamos que em breve nós atinjamos pelo menos entre 7% e 8% do consumo total de café no país. É uma indústria que investe muito. E o Brasil não é apenas o segundo maior consumidor de café do mundo, mas a nação do café solúvel, também”, finaliza.

Aguinaldo José de Lima – Diretor de Relações Institucionais da ABICS

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