Doenças do café. Quais delas podem destruir uma lavoura inteira? 

Doenças do café. Quais delas podem destruir uma lavoura inteira? 

HUB do Café entrevistou profissional da Cooxupé para entender quais são os principais riscos aos cafezais

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O Brasil é o maior produtor de café do mundo. Portanto, dentre os desafios no interior de uma propriedade está o combate a doenças que afetam a produtividade e causam prejuízos à plantação.

Elas são muitas, claro. Mas, você já imaginou quais são as principais doenças que podem devastar um cafezal inteiro? Seja ele grande, médio ou pequeno?

Para isso, o HUB do Café entrevistou o coordenador de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, Eduardo Renê da Cruz. Afinal, muitos consumidores nem imaginam os riscos que podem impactar o amado cafezinho ainda na lavoura.

Doenças do cafeeiro

Eduardo comenta que as doenças causadas por fungos, bactérias e vírus podem afetar seriamente as plantas. E, no caso do café, três das principais doenças são causadas por fungos e uma é causada por bactérias. Vamos conhecê-las?

1 – Ferrugem

Esta é considerada a principal doença do cafezal. A ferrugem é causada pelo fungo Hemileia vastatrix e se caracteriza por manchas amarelo-alaranjadas na face inferior das folhas do café. E são os esporos do fungo que dão esta cor à mancha. A doença costuma ser mais frequente no verão, devido ao maior volume de chuvas e temperaturas mais altas.

E, constantemente, as folhas afetadas pela Ferrugem caem mais precocemente, prejudicando a produtividade da lavoura. Isso acontece porque as folhas são os órgãos da planta responsáveis pela fotossíntese e por produzirem os compostos que vão para os frutos. Desse modo, uma planta com menos folhas, terá menor produção de frutos.

(Imagem Rehagro)

2 – Cercosporiose

Esta é uma doença que ocorre, também, no período chuvoso, entretanto as lesões são bem características. Ela é causada pelo fungo Cercospora coffeicola, que afeta as folhas e os frutos do café. Nas folhas, são manchas em formato circular, escuras e que tem um ponto branco no centro. Já nos frutos, ocorre uma lesão escura com um aprofundamento da casca.

A doença está muito relacionada com o desequilíbrio nutricional causado, principalmente, pelo excesso de potássio e deficiência de cálcio. As lesões nas folhas causam, ainda, a desfolha e perda de produtividade. E as lesões nos frutos podem causar manchas no café e a queda precoce dos frutos, consequentemente, a perda de qualidade do grão.

(Crédito Rehagro)
(Rehagro)

3 – Mancha de Phoma

Esta doença ocorre mais no início do período chuvoso, enquanto as temperaturas estão mais baixas e a umidade mais alta. Sua causa vem dos fungos Phoma tarde e Phoma costaricensis.  

A ocorrência é maior conforme haja presença de ventos ou outros fatores que causem ferimentos nas plantas. E, igualmente, o fungo usa os ferimentos como porta de entrada. É mais comum nas regiões de maior altitude. Ocorre nas folhas novas, nos ramos e nos chumbinhos (frutos jovens).

Nas folhas, frequentemente, surgem lesões escuras que ocorrem nas bordas e que, também, provocam a desfolha. Nos ramos, causam a morte iniciando na ponta  e, assim, caminhando sentido ao tronco.

O maior prejuízo acontece quando ocorre nos ramos e nos chumbinhos. Neste caso, o prejuízo é direto. Causa perdas na estrutura da planta devido à morte dos ramos e ao superbrotamento. 

(Imagem Santinato Cafés)
(Crédito Santinato Cafés)
(Foto Blog Aegro)

4 – Mancha Aureolada

Esta doença também ocorre no início do período chuvoso, com umidade e temperaturas mais amenas. É causada pela bactéria Pseudomonas syringae. Ocorre, principalmente, nas regiões de maior altitude devido à ocorrência de ventos com temperaturas mais baixas. E afeta, assim, as folhas e os ramos.

Nas folhas, antes de mais nada, causa uma mancha escura com um halo amarelado ao redor da mancha. Nos ramos, também, causa a morte, entretanto pode iniciar no meio do ramo, mantendo as folhas da ponta ainda vivas por um tempo, diferenciando do sintoma da Mancha de Phoma. O prejuízo causado pela mancha aureolada é, sobretudo, direto e causa um grande prejuízo na estrutura da planta devido ao superbrotamento provocado pela morte dos ramos.

(Foto Rehagro)
(Foto Peabirus)

Controle

De acordo com Eduardo, por muito tempo, o principal método utilizado para o controle destas pragas e doenças foi o controle químico feito, de antemão, por meio dos defensivos agrícolas, que são medicamentos para as plantas.

Mas, os consumidores de café, especialmente, do mercado externo, estão cada vez mais exigentes com relação à segurança do alimento e exigindo que sejam utilizados menos defensivos químicos nas lavouras.

Portanto, para atender a esta exigência, os cafeicultores têm empregado outras estratégias de manejo. Como, por exemplo, o uso de cultivares de café mais resistentes à Ferrugem, plantio de quebra ventos ao redor das lavouras para reduzir os riscos e ferimentos no caso específico da Mancha de Phoma e Mancha Aureolada.

“E uma nutrição equilibrada para reduzir a ocorrência de Cercosporiose é feita, substancialmente, com o fornecimento adequado de potássio e cálcio. Além disso, é importante evitar o excesso do nutriente Nitrogênio que, por fim, torna as folhas novas mais tenras, fazendo com que fiquem mais suscetíveis à ocorrência da Mancha de Phoma e Mancha Aureolada”, conta o engenheiro agrônomo.