Palácio da Bolsa Oficial de Café completa 100 anos

Palácio da Bolsa Oficial de Café completa 100 anos

Uma história com muita bagagem, mas que entra em um novo capítulo a partir de agora

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O Palácio da Bolsa Oficial de café está completando 100 anos em 2022, mesmo ano em que o Brasil completa o seu bicentenário. O portal Notícias Agrícolas produziu uma reportagem especial sobre o tema. 

A história do café tem importante participação na evolução econômica do país. É o que afirma a reportagem e questiona: 100 anos depois, com uma bagagem rica em histórias, para onde vai a cafeicultura agora?

Por que a data merece destaque? 

O Notícias Agrícolas traça uma linha do tempo para entender o impacto do Palácio da Bolsa Oficial do Café na história. Bem como porque o agronegócio café está tão empenhado em continuar promovendo e escrevendo a história da cultura e seu desenvolvimento em parceria com o Museu.

Bruno Bertoloto, historiador do Museu do Café, relembra junto ao NA, que nem sempre as negociações do café foram realizadas no Palácio da Bolsa Oficial do Café que conhecemos hoje. Isso porque nos primeiros anos (1914), os negócios eram tratados em uma sala alugada em um prédio comercial. Mas, a história mostra que o funcionamento efetivo da Bolsa do Café só começou mesmo em 1917, devido aos reflexos da primeira guerra mundial.

Dessa forma, a Bolsa de Café do Brasil não foi a primeira do mundo. Pois, antes da guerra haviam negociações na Bolsa de Nova York , que inclusive determinou as faixas de classificação do café utilizadas até hoje pelo mercado.

Em Santos

Assim, a Bolsa surgiu na praça de Santos. Isso porque para controlar o já então principal porto de escoamento da safra brasileira. Em uma época em que o mercado de café era ainda mais especulativo, de acordo com o NA. 

Palácio da Bolsa Oficial do Café, em Santos (SP)

“Era negociado principalmente café futuro, como se fosse uma BMF hoje, mas também café disponível. E tinha essa importância estátistica para a praça de Santos, importância de arbritagem. As vezes na entrega não era o café negociado, então tinha a sala de classificação, enfim, tinha uma importância muito grande”, conta Bertoloto ao NA.

Tão logo os negócios começaram a avançar. Em 1922, surgiu a ideia da construção de um prédio só para a Bolsa de Café. Com a necessidade do Estado de São Paulo participar da comemoração da Independência.

Também foi a partir da construção de vários monumentos para a comemoração do Centenário da Independência e graças ao café que o estado de São Paulo passou a ganhar destaque na história nacional.

Cotação do café

O NA ainda conta que a cotação do café era realizada com base na quantidade de negócios fechados no dia. O volume que era negociado, principalmente naquela época, não era o volume exportado. “Eles falam inclusive, que nos anos 60 com a entrega direta, existia uma “dança dos canudos”, que se trata de uma amostra dos cafés que estavam depositados em algum armazém geral aqui em Santos. E os corretores acabavam vendendo um para o outro e às vezes o mesmo canudo voltava para a pessoa que iniciou a negociação no começo do dia porque eles não queriam ficar com a taxa do armazém. Então se tinha um volume de negociação enorme e era isso que a Bolsa tentava não deixar acontecer”, conta Bertoloto ao NA. 

De acordo com ele, nos anos 60, por exemplo, ela não fechou. Mas perdeu muita força principalmente por conta das cotas de mercado que tinha da OIC. Entretanto, ali não era só o pregão, mas, também, o setor de classificação que fazia a arbitragem e esse setor foi até os anos 70. “Não tem uma data certa, mas ela perde a importância, entra em declínio no final dos 60 para os 70, com abandono do prédio”, comenta o historiador ao NA.

O retorno

Conforme a reportagem, em 1986, o prédio da Bolsa foi oficialmente fechado pelo governo da época e, em 1996, com a infraestrutura do local debilitada, corretores e exportadores de Santos iniciaram uma movimentação para evitar que a história se perdesse a partir dali. Em 1998 abre-se o Museu do Café ainda em uma fase bem inicial com visitação apenas aos pregões. Bertoloto pontua um trabalho de “formiguinha”, cujo passo a passo da história realizado pelos corretores da época continua sendo um dos pilares da atual gestão do Museu do Café.

Renovação

Recentemente a fachada do Museu foi 100% restaurada. Marcando, pois, o início das comemorações do Centenário da Bolsa de Santos, diante de um investimento de R$ 5 milhões. 

Há pouco mais de dois anos, o Museu do Café também se uniu às lideranças do setor agronegócio para buscar mais informações, promover a imagem do café do Brasil em importantes polos consumidores da bebida, o que além de mostrar o lado humano dos produtores e o peso social da cultura, ainda pode garantir a abertura de novos mercados para o País.

O Museu do Café tem como foco, portanto, continuar buscando os fatos históricos no âmbito econômico, social, cultural e até educacional do país, mas também mostrar o que está acontecendo hoje. 

As ações do Museu, sejam elas internas ou externas, também contam com o apoio da Cooperativa cafeeira Cooxupé. “O Centenário do Palácio da Bolsa de Santos precisa ser reconhecido por todo o setor no Brasil. A comemoração se torna ainda mais especial. Nós  produtores e cooperativistas, em nome da Cooxupé – cooperativa que, também, está seguindo rumo aos 100 anos -, sentimos grande orgulho por fazer parte da trajetória cafeeira e contribuirmos com o desenvolvimento dessa história”, afirma o presidente da cooperativa Carlos Augusto Rodrigues de Melo ao NA.

Cecafé

O NA também ouviu o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). A entidade vem ampliando a promoção de imagem do Brasil no exterior em uma série de ações que vão além da produção e exportação em números. Mas, também com o proposito de valorizar o trabalho do campo e apresentar a sustentabilidade e as novidades do setor ao mercado comprador.

Confira aqui a reportagem especial completa produzida pelo portal Notícias Agrícolas.


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