A água pode amargar o café? Entenda 

Já aconteceu de você comprar um café diferenciado, com a promessa de um verdadeiro festival de aroma e sabores e descobrir, depois, que o resultado não foi dos melhores? Pois isso, basicamente, pode estar ligado a um ingrediente fundamental para o preparo: a água.

O uso inadequado dela e a temperatura podem influenciar negativamente no resultado final pois, assim, interferem na extração das substâncias presentes no grão.

Por isso, um barista ouvido pelo Metrópoles explica quais os erros mais comuns e, também, como preparar um café valorizando ainda mais seus atributos.

Um café de qualidade

Antes de mais nada, é preciso ter em mente que a estrela é o café. Por isso, a bebida precisa utilizar um líquido incolor, inodoro e insípido pois, somente assim, ocorre a “mágica” da preparação.

De acordo com o barista Rafael Cascão, o uso da água nas condições ideais (seja de formulação, seja de temperatura) é, em suma, determinante para o produto final.

“Eu sempre recomendo o uso de água filtrada e, de preferência, que passe pelo filtro de barro”, ensina o profissional.

O barista explica que, na filtragem, as partículas de cloro (presentes na água que chega às torneiras das residências) são retidas, o que deixa o gosto mais suave. Assim, a lógica da qualidade da água para a preparação do café se mantém, independentemente, da cafeteira utilizada.

Água mineral

Em contrapartida, se você decidir usar a água mineral, o que pode acontecer?

Bom, caso seja essa a sua escolha, é preciso ter cuidado, pois a água mineral reúne, sobretudo, elementos que podem se sobressair.

“Dependendo da composição e dos sais presentes, esse tipo de água também pode interferir no gosto. É bom ficar atento à quantidade de bicarbonato. Nunca use uma água mineral que tenha mais de 60 miligramas por litro, pois a presença deste elemento pode interferir no sabor”, emenda.

E ferver, pode?

Depois do processo de filtragem, é chegada a etapa da fervura, essencial para deixar a água na temperatura adequada para coar o café.

“Devido à altitude de Brasília, por exemplo, a água ferve a 98,3ºC; em Curitiba, a 97ºC; no Rio de Janeiro, a 100ºC. O ideal é desligar e deixar descansar por, aproximadamente, um minuto”, ensina o especialista.

Desse modo, a temperatura da água também está diretamente ligada à intensidade da torra do café.

De acordo com Cascão, os cafés mais claros podem receber a água um pouco mais quente do que os de torra mais escura.

Escalde o filtro

Outra dica importante, nesse sentido, é ficar atento ao tipo de recipiente onde esse café será depositado ou filtrado. E na hora de fazer o café coado, o filtro, por exemplo, deve ser escaldado antes de receber a bebida.

O processo retira, principalmente, o sabor de celulose do papel e ajuda na extração de um café mais puro, além de limpar os recipientes.

Na medida certa

Outra dica, em síntese, é usar uma chaleira com bico de ganso, alongado e levemente curvo, que auxilia na dosagem e na distribuição desse café.

“Na hora de coar, o ideal é fazer uma pré-infusão de 30 segundos e, depois, coar o resto”, ensina Cascão.

É importante ressaltar que não se deve utilizar muita água para pouco café, ou vice-versa. Por fim, é só passar o café e, assim, apreciar as notas dessa bebida tão especial.