Após um ano de desafios, Cooxupé olha para 2023 com esperança e otimismo

Após um ano de desafios, Cooxupé olha para 2023 com esperança e otimismo

Em entrevista , diretoria da cooperativa elenca os principais destaques de 2022, com um olhar para as perspectivas de 2023

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2022, antes de mais nada, foi um ano em que os resquícios da pandemia ainda trouxeram desafios ao produtor e à Cooxupé.

No caso da cooperativa, especialmente, houve dificuldade em relação à logística dos embarques que exigiram, desde já, flexibilidade para que as exportações pudessem seguir, sem grande impacto.

Além disso, a retração do mercado, as questões climáticas, uma safra menor e cenários que favorecessem o endividamento do produtor foram os principais pontos de atenção vividos pela cafeicultura brasileira.

Por outro lado, na cooperativa, os investimentos não pararam, sendo executados, prioritariamente, conforme o direcionamento do Planejamento Estratégico.

2023, em síntese, está às portas. E ao olhar para o futuro, um misto de sentimentos vem à tona. Por isso, a diretoria executiva da Cooxupé acredita que a esperança e o otimismo farão morada nos próximos meses.

O Hub do Café entrevistou o presidente Carlos Augusto Rodrigues de Melo e o vice-presidente Osvaldo Bachião Filho para um balanço e projeções para 2023. Confira:

Hub do Café: QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS DESAFIOS VIVIDOS PELA COOPERATIVA E PELOS COOPERADOS EM 2022? QUAL O BALANÇO?

Carlos Augusto: 2022 foi um ano como os demais, cheio de desafios. Alguns deles, em parte, vieram ainda por conta de 2021. Nesse quesito, não podemos esquecer tanto da pandemia quanto do período pós-pandêmico.

Tivemos, nesse caso, a guerra no leste europeu, que trouxe transtornos na questão logística, principalmente.

Assim, no início deste ano tivemos sérios problemas em relação aos embarques de café para o mercado internacional.

No entanto, conseguimos trabalhar de uma maneira muito satisfatória. Depois, tivemos significativa melhora nesse aspecto e conseguimos embarcar bastante café.

E acreditamos, ainda, que se não cumprirmos a meta, estaremos bem próximos ao que almejamos. Recorremos a algumas alternativas contando, inclusive, com embarques diferenciados.

Sendo assim, a logística foi o maior desafio, pois a exportação – assim como atender a todos os nossos clientes – é o maior desafio da cooperativa. Não pelo fato da infraestrutura de armazenagem mas, primordialmente, pelo fluxo de caixa.

Se o café não chega ao comprador internacional, a cooperativa não recebe recursos. E isso impacta, principalmente, as necessidades do produtor.

Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé

Hub do Café: E SOBRE AS CONQUISTAS? QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS NESTE ANO?

Osvaldo: A grande conquista da cooperativa, em suma, é chegar ao final do ano conseguindo apoiar e ajudar os cooperados a resolver as dificuldades deles.

Como, por exemplo, os problemas advindos do clima como geada, seca, altas temperaturas e, recentemente, a chuva de granizo.

Outro ponto, sobretudo, envolve a produção e a queda de preços da commodities no ano. Mesmo diante de tudo isso obtivemos um resultado que permitirá uma distribuição aos cooperados que participaram junto aos negócios da Cooxupé em 2022.

Além disso, a cooperativa cumpriu rigorosamente a proposta de investimento para o ano, entregando ao cooperado tudo o que estava projetado conforme o Planejamento Estratégico.

Hub do Café: COMO OCORRERAM ESSES INVESTIMENTOS? E PARA 2023, QUAIS SÃO AS PROJEÇÕES?

Carlos Augusto: Obviamente, os investimentos ocorreram em áreas. Dentre as quais, estrutura e de informática para que a Cooxupé continue atendendo de maneira satisfatória. Nesse caso, foram mais de R$ 100 milhões em investimentos.

No Complexo Japy, por exemplo, foram R$ 55 milhões investidos. Vale destacar que os investimentos, no ano, somaram o maior valor da história da Cooxupé.

E para 2023, desde já, estamos esperançosos em relação à uma boa produção e que futuramente estes níveis voltem aos históricos anteriores.

Esperamos, acima de tudo, que nossos cooperados tenham esse mesmo pensamento: caminharmos para 2023 com mais esperança; voltar a ter maior produtividade; melhor produção; sabendo, sempre, que a Cooxupé está preparada para receber esta produção e conseguir dar a liquidez que o cooperado precisa.

Hub do café: POR FALAR EM PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE, COMO A COOXUPÉ AVALIA O RECEBIMENTO DE CAFÉ EM 2022?

Osvaldo: Foi um ano de desafios diante de uma safra pequena, o que todos sabíamos, de antemão, desde 31 de dezembro de 2021.

A expectativa, a princípio, era de que fosse um pouco menor, mas parecida com a do ano de 2021.

Entretanto, ainda tivemos um problema de quebra, que a fez ser ainda menor que a do ano passado.

Junto com isso tivemos, ainda, preços em queda no final do ano prejudicando aquele cooperado que não teve oportunidade de participar do mercado quando os preços estavam mais favoráveis.

Em fevereiro, então, o cafeicultor viveu o preço recorde em reais, com queda ocorrendo no período final de 2022.

Além disso, houve também a questão da taxa de juros no Brasil que está bastante elevada por conta dos acontecimentos mundiais. Taxas essas, inclusive, bastante preocupantes.

Hub do Café: DIANTE DISSO, COMO VOCÊS AVALIAM A PARTICIPAÇÃO DO COOPERADO NO MERCADO DE CAFÉ?

Carlos Augusto: A cooperativa leva ao cooperado a mensagem de participação no mercado de café quando a oportunidade é favorável. Portanto, o mercado é soberano.

Vale reforçar, contudo, que o produtor precisa estar sempre atento para participar nos momentos de boas oportunidades. Esta participação do produtor já melhorou muito nos últimos anos.

Todavia, aqui abro uma ressalva para destacar a participação do cooperado, também, no Programa Especialíssimo da Cooxupé, ocorrido no dia 25 de novembro.

Em 2022, a participação das famílias cooperadas teve aumento significativo. Nesse quesito, o nível de qualidade dos cafés foi surpreendente e altamente competitivo.

Com maior ou menor safra, definitivamente, o produtor sempre buscará produtividade e melhor qualidade para o seu café.

Isso vem ao encontro das demandas mundiais recebidas pela cooperativa. O mundo, atualmente, procura cafés de origem sustentável, fortalecendo a questão de ESG. Desse modo, o produtor caminha a passos longos para isso.

Este ano tivemos, ainda, cafés de alta qualidade e esperamos que 2023 seja da mesma forma. Tenho convicção, sobretudo, de que o produtor não abrirá mais mão de buscar esta qualidade.

Hub do café: FOCANDO, AINDA, O COOPERADO, COMO FOI O COMPORTAMENTO NESTE ANO?

Osvaldo: Os desafios foram grandes, no entanto destacamos que a participação do cooperado foi boa sim.

O nível de fidelidade continua muito alto, especialmente na participação dos insumos.

A Cooxupé tem conseguido, a princípio, entregar para o cooperado os produtos que ele precisa, no momento em que precisa, e num preço de mercado bom.

Quando falamos de café, os desafios são grandes em relação ao que vem de produção conforme detalhamos acima. Mas, ficamos em nível satisfatório de participação de café do nosso cooperado.

Osvaldo Bachião Filho, vice-presidente da Cooxupé

Hub do café: QUAL O PRINCIPAL ALERTA QUE A COOPERATIVA FAZ ÀS FAMÍLIAS COOPERADAS?

Osvaldo Bachião: Quando olhamos para todos os cenários, vemos no momento o café em queda.

O cenário mundial está impactado, ainda, pela guerra e demais acontecimentos, além do que, os juros seguem altos.

Portanto, para que as famílias tenham mais tranquilidade diante desse momento, sobretudo, é necessário tomar cuidado com endividamentos.

Hub do café: EM 2022, A COOXUPÉ DEU UM PASSO MUITO IMPORTANTE EM RELAÇÃO À SUSTENTABILIDADE E À AGENDA ESG. COMO O “PROTOCOLO GERAÇÕES” BENEFICIARÁ A VIDA DAS FAMÍLIAS COOPERADAS?

Carlos Augusto: O “Gerações” é o protocolo de sustentabilidade da cooperativa que traz para os cooperados uma grande oportunidade de inclusão no universo sustentável.

Com isso, o objetivo é que este protocolo seja um portal de fácil acesso ao nosso produtor. Para que ele desfrute e, especialmente, desbrave o mundo da sustentabilidade, da sucessão e de uma gestão cada vez melhor dentro da propriedade e dentro da cooperativa.

O diferencial do protocolo, em primeiro lugar, é que ele é um programa inclusivo que congrega, em síntese, desde o pequeno quanto o grande cooperado.

Assim, é importante esclarecer ao produtor que o “Gerações” não traz qualquer tipo de “punição”.

Pelo contrário, ele é totalmente preparado e adaptado conforme a realidade dos nossos produtores associados para que avancem em sustentabilidade e, assim, ganhem mais competitividade diante das exigências do consumidor e do mercado.

Por meio do “Gerações”, inclusive, todos os nossos cooperados podem se preparar, se adequar e avançar os níveis de sustentabilidade propostos pelo protocolo. E isso, independentemente do tamanho da produção cafeeira.

Nossa cooperativa, antecipadamente, vem trabalhando a questão da sustentabilidade há muitos anos. E diante disso, é preciso estar na vanguarda.

O diferencial, do mesmo modo, é que sempre estaremos ao lado do produtor e sensíveis à realidade de cada um. Para que cada família tenha, em suma, a oportunidade de evoluir de maneira inclusiva e sustentável.

Hub do café: QUAL A MENSAGEM PARA AS FAMÍLIAS COOPERADAS NA CHEGADA DE MAIS UM NOVO ANO?

Carlos Augusto: O cooperado, antes de mais nada, precisa estar atento às boas oportunidades de participação no mercado de café evitando, assim, endividamento.

A safra deve ser menor de novo, contudo, há fatores que impulsionam o nosso otimismo. Primeiramente, e falando bem claramente: ninguém deixará de tomar café.

Segundo: o café do Brasil é importantíssimo para o mundo e não deixará de ser.

E, por fim, o café superou tudo o que vivemos por conta da pandemia. Pela frente há fatores climáticos, a guerra e a mudança política administrativa do Brasil.

Portanto, continuaremos a fazer o nosso dever de casa como sempre fizemos. Estou muito esperançoso, assim, de que viveremos 2023 igual ou até melhor que 22. Ainda temos, desse modo, muitos motivos para seguirmos otimistas.

Osvaldo: Um destaque importante é que 2023 será o ano em que a cooperativa retomará os eventos presenciais. Incluindo, por exemplo, Femagri, Feira do Cerrado e Dias de Conhecimento.

Aguardamos nossos cooperados em todos esses eventos. Afinal, temos esperado pela oportunidade de estarmos juntos novamente.

Queremos, também, fortalecer ainda mais o relacionamento com as famílias produtoras, que terão a possibilidade de voltar a enxergar de perto tudo o que foi desenvolvido nesses anos em que tivemos afastados.

É um grande acontecimento! E, em conclusão, estamos ansiosos para vivermos tudo isso novamente, certos de que somos fortes para superarmos os desafios, especialmente, movidos pela paixão que temos pelo café.


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