Certificação ambiental estimula o cumprimento da lei em fazendas de café

Certificação ambiental estimula o cumprimento da lei em fazendas de café

Conclusão que mostra a importância da procedência do produto está em estudo da FAPESP

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A busca por selos de sustentabilidade incentiva fazendeiros a cumprir a legislação ambiental e a se adequar às demandas atuais da sociedade e do mercado.

Contudo, não garantem necessariamente a diminuição na taxa de desmatamento ou aumento na regeneração natural em propriedades agrícolas.

Foi o que concluiu um estudo publicado recentemente na revista Biological Conservation e conduzido pela Agência FAPESP.

Certificação ambiental

Atualmente, quase 40% da produção mundial de café é certificada. E, assim, os selos ambientais vêm ganhando espaço para garantir ao consumidor a procedência de produtos agrícolas.

No entanto, por dificuldades estatísticas e metodológicas, pesquisadores da área tinham dificuldade em entender os mecanismos. E estabelecer, portanto, se a adoção de uma agricultura mais sustentável era efeito direto das certificações ou se esses processos apenas reconheciam propriedades engajadas no tema.

Evidentemente, os cientistas se questionavam qual seria o papel da legislação ambiental nessa equação.

De acordo com Francisco d’Albertas Gomes de Carvalho, pesquisador do Departamento de Ecologia do IB-USP, e coautor do estudo, ainda é cedo para estabelecer uma relação entre causa e efeito. Mas as evidências levam a crer na melhora dos processos.

“Não observamos relação direta entre as certificações e a redução do desmatamento e o aumento da regeneração natural. Mas, aparentemente, a certificação pode funcionar como estímulo extra para o cumprimento da legislação, o que confirma o efeito benéfico da sinergia entre as duas”.

Avaliação

O ponto de partida foi, inicialmente, uma lista obtida a partir do cruzamento de informações do banco de dados do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e do cadastro ambiental rural.

Nela aparecem fazendas de café de 84 municípios de São Paulo e Minas Gerais. Sendo 172 propriedades nos biomas Mata Atlântica e 362 no Cerrado.

Com esses dados em mãos, os pesquisadores elencaram características que poderiam afetar a predisposição de uma propriedade ser certificada. E, assim, fizeram as comparações.

“Nessas regiões com tradição de produção de café há várias décadas não vemos mais desmatamento da mesma maneira que, por exemplo, em uma área de fronteira agrícola na Amazônia ou em partes do Cerrado com expansão de plantação de soja”, diz Carvalho.

A pesquisa, a princípio, foi conduzida no âmbito do Programa BIOTA-FAPESP. E estiveram envolvidos cientistas da Fundação SOS Mata Atlântica, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP).


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