China toma mais café e avança em mais de 200% nas compras do Brasil

China toma mais café e avança em mais de 200% nas compras do Brasil

Potência asiática agora é o sexto principal comprador de cafés do Brasil e setor enxerga futuro promissor

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A China toma mais café e essa já é uma informação consolidada no mercado. Há alguns anos, pois, o chá vem perdendo espaço para a segunda bebida mais consumida do mundo. E os dados mais recentes mostram que o país asiático tem, inclusive, consumido muito café do Brasil. É o que informou o site Notícias Agrícolas.

Em 2023, por exemplo, a China comprou 1,480 milhão de sacas de café provenientes do Brasil. Nesse sentido, o volume representa alta de 278,6% em comparação com 2022 quando a compra foi de 390.879 sacas. Aliás, com o volume do último ano, a China saltou para a 6ª posição no ranking dos principais compradores de café do Brasil.

China toma mais café

Nas últimas duas décadas, de antemão, o consumo de café na China mais que dobrou. Indo, portanto, de 231 mil sacas de 60kg para 2,8 milhões em 2022. Os dados são da Organização Internacional do Café.

Além disso, a potência asiática também ultrapassou os Estados Unidos como o maior mercado de cafeterias de marca no mundo. Ou seja, com 49.690 pontos de vendas, segundo a última análise do World Coffee Portal.

Voos mais altos

No Brasil, desde já, a expectativa do setor é que esse mercado alcance voos ainda mais altos nos próximos anos. De acordo com Heberson Sastre, da Minasul, o mercado trabalha com o cenário da China ser o país que mais vai avançar em termos de consumo de café nos próximos 15 anos.

“Todos os exportadores estão de olho nesse mercado, é o que mais vai crescer. Cada região tem um foco na qualidade. Mas a maior fatia quer um café bom, bebida dura, mas nada de especial. O preço ainda fala mais alto que a qualidade”, afirma.

Avanços

A princípio, o avanço da tecnologia e a ampliação das cafeterias em países que não são tradicionalmente consumidores de café chama atenção das lideranças do setor no Brasil. Além da China, outras nações da Ásia vêm demonstrando um interesse maior por café.

“As grandes redes estão surfando nessa onda. O que a gente observa daqui é esse movimento concentrado nessas grandes redes. Mas a grande questão é o quanto nós do Brasil vamos participar desse crescimento por lá. Dado os países que estão mais perto, como Vietnã, Indonésia, que também estão buscando aumentar suas produções. E esse movimento de desglobalização que a gente tem, das cadeias de suprimentos mais próximas. O que me chama atenção, hoje, é realmente entender o quanto nós vamos ou não participar desse crescimento por lá”, comenta Juliano Tarabal. Ele é diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado.

Tarabal afirma, ainda, que é importante que o Brasil encontre formas de aumentar sua participação nesse mercado. Primeiro por ser o maior player em nível mundial. E, principalmente, porque Estados Unidos e Europa já têm um mercado consolidado.

Evolução produtiva

Dessa forma, as chances de avanço na Ásia são maiores para o Brasil. Porém, ainda assim, reforça que é importante acompanhar de perto a evolução produtiva nas origens produtoras que estão mais próximas.

“Em termos de organização de cadeia, capacidade produtiva e comercial, temos uma vantagem competitiva absurda frente aos demais países. Acredito que é um ponto de atenção para estarmos olhando. Porque estamos falando de uma outra cultura. Esse movimento de desglobalização, a gente vê que quanto mais os países conseguirem diminuir as necessidades logística, eles vão fazer. Isso implica em menor custo, mais rapidez, uma série de questões, temos visto esse movimento”, afirma.

Mercado japonês

Por outro lado, no mercado japonês, algumas ações em prol da promoção dos cafés sustentáveis já vêm apresentando resultados nos últimos anos. A Volcafe, trading internacional, que é membro do Consórcio Cerrado das Águas, tem desenvolvido o mercado do Japão.

Em 2022, por exemplo, foi feita uma comercialização exclusiva para compradores do Japão. Cujo lote era composto por cafés produzidos aplicando estratégias de Agricultura Climaticamente Inteligente, sob orientação do CCA. Entregando, assim, qualidade, sustentabilidade e responsabilidade.

Nova procura

Primordialmente, o resultado culminou em uma nova procura por estes cafés, cujo desenvolvimento de mercado é feito pela Volcafe Japão. Isso em parceria com a unidade brasileira, coordenada pelo diretor comercial, Marcelo Pedroza.

De acordo com ele, a Volcafe Japão tem feito um trabalho de promoção dos cafés produzidos sob as estratégias PIPC conduzido pelo Consórcio Cerrado das Águas (CCA). E, em suma, o retorno é um interesse crescente.

Tanto que, nesta safra de 2023, houve uma comercialização de 150 sacas de um dos produtores da plataforma. Cujo trader da Volcafe Japão esteve pessoalmente em missão realizada pelo CCA, em março, para conhecer de perto as estratégias, os produtores e o trabalho realizado de forma colaborativa.