Chuvas devem beneficiar as culturas de cana e café, mas impactam a soja

Chuvas devem beneficiar as culturas de cana e café, mas impactam a soja

Avaliação leva em conta a previsão do Inmet para a colheita 22/23

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O início de janeiro tem sido chuvoso na maior parte do Brasil. Em áreas por onde passa o corredor de umidade formado entre o Amazonas e São Paulo, por exemplo, os acumulados das chuvas já chegam a 300 milímetros.

Essa condição, desde já, tende a beneficiar culturas que estão em desenvolvimento e que terão a colheita durante o segundo trimestre do ano, como a cana e o café. Acompanhe a avaliação do Café Point.

Chuvas devem beneficiar as culturas de cana e café

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a configuração da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), na primeira semana de janeiro, foi responsável pelo grande volume de chuva.

“Nos demais dias, a combinação de calor, a alta umidade relativa do ar e áreas de baixa pressão em níveis médios da atmosfera também provocaram chuvas intensas”, destaca o Instituto na reportagem.

Fabio Marin, coordenador do sistema TEMPOCAMPO, acrescenta que a precipitação é bem-vinda, a depender da cultura. Mas, ele ressalta a baixa fotossíntese das plantas.

“Em boa parte do estado de São Paulo, nos primeiros quinze dias de janeiro, as chuvas já atingiram o volume do mês inteiro. E isso vem favorecendo as lavouras de cana, porque esse volume de chuva está muito bom. Mas, há um porém: a nebulosidade está bastante alta também [o que impacta na fotossíntese da planta e pode limitar o crescimento]”, disse na reportagem do Café Point.

Altos volumes de chuvas

Em áreas de São Paulo, principal estado produtor de cana-de-açúcar do Brasil, as chuvas nos primeiros quinze dias do mês giram, aproximadamente, entre 100 a 250 milímetros.

De acordo com o mapa de precipitação acumulada do Inmet, Ribeirão Preto (SP), uma das principais cidades produtoras de cana do estado acumula, a princípio, mais de 210 mm de chuvas em janeiro.

Em Minas Gerais, estado que domina a produção de café no Brasil, as chuvas foram ainda mais elevadas nos últimos dias.

A cidade de Patrocínio (MG), por exemplo, uma das mais tradicionais da cafeicultura no Cerrado Mineiro, já tem quase 400 mm acumulados e, ainda, pode receber mais chuvas ao longo dos próximos dias.

Safra de soja

Todavia, essa condição mais úmida tem impactado a colheita de soja da safra 2022/23.

Conforme as principais consultorias, até o dia 12/01, apenas 0,6% da área cultivada de soja estava colhida.

O número corresponde, portanto, à metade do que havia sido colhido no mesmo período do ano passado, de acordo com a consultoria AgRural.

“Os trabalhos seguiram concentrados em Mato Grosso e Rondônia, nos momentos em que o tempo fechado e chuvoso permitiu”, detalhou a consultoria.

Já no Sul do Brasil, onde a colheita não começou, é a irregularidade das precipitações que preocupa os produtores gaúchos.

Como resultado, a AgRural reduziu, na semana passada, a produção estimada para o Rio Grande do Sul.

A Pátria AgroNegócios aponta colheita um pouco mais avançada de soja no Brasil, em 0,85% da área.

Desse modo, o desempenho deve ser aquém do ano anterior devido aos trabalhos mais lentos em Mato Grosso.

No mesmo período, no ano passado, em síntese, 1,68% da área estava colhida enquanto que a média histórica é de 1,27%.

A consultoria destaca, também, que o plantio nem foi concluído no Rio Grande do Sul por conta das condições climáticas, com efeitos do La Niña.

Chuva não dá trégua

O mapa estendido da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA) mostra que as chuvas deverão seguir ao longo dos próximos dias. E esses volumes devem ocorrer, principalmente, nas áreas que já receberam altas quantidades de chuvas. Entre os quais estão, primordialmente, o Amazonas, São Paulo e Minas Gerais.

Assim, entre 25 de janeiro e 2 de fevereiro, as chuvas seguirão em todas as áreas por onde passa o corredor de umidade. E avançam, em suma, por mais estados das regiões Norte e Central, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná.