Como planejar bem um plantio de café

É comum que o cafeicultor tenha a ambição de aumentar sua área de café com novos plantios. Também está sendo mais frequente a busca por renovações de suas lavouras, seja por terem uma idade avançada, espaçamento inadequado ou falhas de estande. Diante disso, como planejar bem um plantio de café?

Não é tão simples fazer um plantio com sucesso se não haver alguns cuidados, conforme orienta André Narciso Franco, do departamento de Desenvolvimento Técnico do Núcleo de São Pedro da União, da Cooxupé.  

“Antes de tomar a decisão, é importante avaliar também a produtividade atual da lavoura para análise da viabilidade de renovar a área. Em alguns casos, pode ser que uma recepa do talhão seja mais viável, visto que o custo para implantação de lavoura é alto”, alerta Franco.

Decisão

Se a decisão for mesmo plantar uma nova lavoura, o cafeicultor deve, primeiramente, analisar o planejamento financeiro da propriedade. “Também precisa ter em mente que os custos de implantação de lavoura tiveram um grande acréscimo de valor. Se a propriedade não tiver um bom caixa financeiro será necessário avaliar alguma linha de crédito para realizar o investimento”, explica.

Atualmente, de acordo com levantamento do Departamento Técnico da Cooxupé, os custos com insumos e serviços com uma lavoura até seis meses de idade estão em aproximadamente R$22.000,00 por hectare com um estande de 4080 plantas. Esta mesma lavoura com até 18 meses de vida irá custar em torno de R$29.000,00.

Pontos de atenção

Outro fator muito importante, conforme Franco, é procurar mudas em viveiro idôneos e com os devidos registros de documentos em dia (IMA). Além disso é necessário:

1- Encomendar as mudas com antecedência: isso pode trazer economia de preço, garantir sua variedade de preferência e, dessa forma, ter uma melhor qualidade das mudas quando for retirá-las.

2- Escolha correta da cultivar a ser plantada: cada região tem melhor aptidão para certos materiais genéticos. Além de haver novas cultivares que têm alguma resistência genética como à ferrugem e nematoides, ou até mesmo alguma tolerância à seca e qualidade na bebida. Algumas cultivares da EPAMIG, PROCAFE e IAPAR vêm se destacando como o Arara, Catiguá 2 e 3, Paraíso 2, Aranãs, IPR100, entre outras. Assim, as principais características da Arara são a resistência à ferrugem, alta qualidade de bebida e maturação tardia. Já o Paraíso, além de alta resistência à ferrugem possui maturação mais precoce. Os Catiguás, além de ter uma boa resistência à ferrugem, ainda possui resistência à algumas raças de nematoides e também alta qualidade de bebida. IPR100 traz características importantes como a forte resistência à nematóides e à seca, indicado para regiões quentes com temperaturas médias acima de 21,5°C e com maturação tardia.

3- Escolha do local: a definição do local de plantio tem que ser muito bem feita. Isso porque a topografia define se a condução pode ser mecanizada ou não, maior dependência de mão de obra ou não, risco de geadas, exposição ao sol (recomenda-se o plantio leste-oste, paralelos à incidência do sol – quando o relevo permite), risco de erosão, tipo de solo, etc. Um cuidado redobrado com a “linha de geada”, observando lavouras mais antigas e, também, até pastagens que costumam sofrer com as geadas. Pessoas mais antigas sempre conhecem melhor o terreno da região local.

Mais dicas

4- Definição de espaçamento de plantio: essa definição antecipada ajuda, pois, a definir a quantidade de mudas que será comprada, evitando surpresas com falta ou sobra. Novos estudos mostram que estandes acima de 4.000 plantas por hectares são mais produtivos durante os 10 primeiros anos da lavoura. A distância entre pés mais indicada não deve ultrapassar de 50 a 70 cm. E, entre as ruas das lavouras, vai depender se haverá mecanização ou não, variando de 2,5 a 3,5 metros. Lavoura de porte alto, chegando a 4 m entre linhas.

5- Clima e época de plantio: é indicado o plantio nos primeiros meses de chuvas (outubro-novembro) para obter maior safra na primeira colheita com 2,5 anos de idade. Mas, é preciso observar o clima e a previsão meteorológica para evitar os famosos “veranicos”, onde há baixa pluviosidade e altas temperaturas que podem prejudicar o plantio.

6- Se a intenção for renovar uma área que já era café: é importante ver a presença de pragas de solo, principalmente os nematoides. Bem como tomar as devidas precauções na nova implantação. Deixar a área em pousio por um tempo, tomando sol, ajuda a reduzir os nematoides e a aplicação dos nematicidas é importante na formação.

7- Se a intenção é aumentar a área da propriedade: é importante fazer um novo planejamento da estrutura pós-colheita, equipamentos, máquinas e mão de obra para evitar gargalos negativos durante a colheita. Bem como durante o ano com os tratos culturais.

Outras informações

8- Preparo antecipado do terreno escolhido para o plantio: um bom preparo do terreno para se descompactar, melhorar a estrutura dos micros e macroporos do solo e incorporar alguns produtos como calcário, gesso, adubos fosfatados, composto orgânico, estercos e uma sistematização do terreno. Quando se planta uma lavoura de café, pensamos em uma produção por 20 a 30 anos. Por isso, é tão importante que o preparo do sulco ou da cova de plantio seja bem feito. O preparo do solo adequado vai permitir um bom enraizamento e tornar a lavoura mais resistente aos períodos de seca que tem sido cada vez mais severos.

9- Recomenda-se sempre que faça um plantio em nível com a declividade do terreno: isso evita o escorrimento superficial de água que pode causar erosões, lixiviação de nutrientes, assoreamento de cursos d’água, soterramento de minas e o arranquio ou assoreamento das próprias mudas de café.

10- Sempre manter a entre linha do plantio com cobertura verde: de preferência plantas que tragam benefícios ao solo e à cultura do café. Por fim, como exemplo, o mix de plantas de coberturas que a Cooxupé oferece com seis tipos de sementes que agregam qualidade ao solo. Bem como ao combate às pragas e doenças e ao manejo de plantas daninhas.