12 de outubro: Dia do Engenheiro Agrônomo

12 de outubro: Dia do Engenheiro Agrônomo

Hub do Café entrevistou profissionais da área com atuação em cidades mineiras; Saiba a importância desta profissão para o agro brasileiro

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Toda cadeia de produção da agropecuária nacional conta com a presença de engenheiros agrônomos, que atuam diretamente no campo junto a produtores rurais. Acima de tudo, a presença deste profissional mostra alta importância. Uma vez que, dentre as ações realizadas, contribuiu de modo que as produções ganhem cada vez mais qualidade, produtividade, rentabilidade. E, principalmente, sustentabilidade. A comemoração, portanto, acontece no dia 12 de outubro, Dia do Engenheiro Agrônomo.

Para entendermos mais sobre esta profissão e como ela funciona na prática, o Hub do Café entrevistou dois profissionais. Jean dos Santos Silva (Nova Resende/MG) e Tarcísio Barbosa de Morais (Conceição Aparecida/MG).

Engenheiro Agrônomo

Atualmente, eles integram o Departamento de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé. Trata-se, antes de mais nada, de uma cooperativa cafeeira com sede em Minas Gerais, presente em mais de 300 municípios na produção de café tipo arábica. 

Confira a entrevista!

Sobre a profissão

Hub do Café: Quais são os principais fatores que devem ser levados em conta quando uma pessoa decide ser um engenheiro agrônomo?

Jean: O principal fator que influencia na decisão de escolher essa carreira é o contato com o campo. Ou seja, a pessoa deve ter prazer em estar em contato com lavouras, com o dia a dia rural. Na escola, ter afinidade com as ciências exatas e biológicas. Pois, o engenheiro agrônomo é constantemente exigido nessas áreas. Relacionamento e comunicação são, também, um pré-requisito, uma vez que a interação com os produtores é constante.

Tarcísio: A vocação para ser um engenheiro agrônomo se manifesta através de uma somatória de fatores, aos quais o futuro profissional da área deve ser notavelmente adepto. Como, por exemplo: o contato diário com a terra, o deslocamento intenso no exercício da profissão, o trabalho árduo à luz do dia. Além da possiblidade iminente de mudança constante de domicílio, o relacionamento com pessoas de diversos perfis, a prática incessante da ética. Ademais, a vivência com plantas cultivadas distintas das habituais conhecidas, a paixão pela natureza. E, por fim, a nobre missão de alimentar o mundo em que a agronomia se alicerça.

Cenário agrícola

Engenheiro agrônomo é um profissional multidisciplinar, que pode atuar em diversas áreas

Hub do Café: O que faz um engenheiro agrônomo? Qual a importância desta profissão para o cenário agrícola?

Jean: O engenheiro agrônomo é um profissional multidisciplinar, que atua em toda cadeia da produção agropecuária. Em primeiro lugar, esse profissional pode atuar em áreas como geoprocessamento, máquinas agrícolas, pesquisa e experimentação agrícola. Além de manejo de plantas daninhas, pragas e doenças, gerenciamento de propriedade, irrigação, armazéns. E, ainda, fiscalização fitossanitária, vendas, sustentabilidade, entre outras. Assim, o engenheiro agrônomo é a figura central no agronegócio brasileiro, justamente por atuar em toda cadeia. Desde já, sua importância está em garantir a segurança alimentar da população de forma eficiente.

Tarcísio: De antemão, um engenheiro agrônomo pode atuar em inúmeras áreas do agronegócio. Desde a produção agrícola e pecuária até o cultivo florestal, preservação de biomas e plantas nativas. Além de hidrologia, piscicultura, suinocultura, apicultura, avicultura, fruticultura, ovinocultura (criação de ovelhas e afins), olericultura (produção de hortaliças). Ademais, a administração e economia rural, comércio exterior, órgãos governamentais de fiscalização, instituições de ensino de nível médio e superior.

E, também, pesquisa científica, consultoria em cultivos econômicos, indústrias alimentícias, treinamento e qualificação profissional. Primordialmente, esse profissional representa extrema importância no cenário agrícola nacional e internacional. Uma vez que todo o conhecimento transmitido à cadeia produtiva pode ser empregado nos sistemas de produção e convertido em maior produtividade na mesma área. Isto é, potencializar a rentabilidade sem novas intervenções de expansão no território agrícola.

Trabalho com o produtor rural

Hub do Café: Por que é importante que um produtor rural tenha sempre por perto um engenheiro agrônomo?

Jean: Primeiramente, é de suma importância a presença do engenheiro agrônomo nas tomadas de decisão, uma vez que esse profissional está preparado para sugerir a melhor decisão técnica e financeira para o produtor. Permitindo, assim, maior rentabilidade para sua atividade.

Tarcísio: Embora o produtor rural seja detentor de um vasto conhecimento na atividade em que atua, alguns desafios de cunho mais técnico e econômico precisam ser solucionados por um engenheiro agrônomo. Pois, em casos que artifícios mais aprofundados para a solução de problemas são exigidos, muitas vezes é o engenheiro agrônomo que provê a bagagem necessária, obtida na academia e na vida profissional.

Nesse sentido, o agrônomo possui a habilidade de dispender um olhar mais clínico dentro da lavoura do produtor, para mitigar riscos à atividade e aumentar a chance de prevenir ou solucionar problemas inerentes ao processo produtivo. Portanto, tornando a atividade mais rentável e sustentável.

Rotina na Cooxupé

Hub do Café: No caso da Cooxupé, como é a rotina desses profissionais?

Jean: Nossa rotina é em contato direto com o cooperado, buscando sempre gerar um vínculo que fortaleça o laço entre ele e a cooperativa e traga benefícios para sua lavoura e qualidade de vida. Dessa forma, para alcançar esse objetivo, somos responsáveis pela estimativa de safra dos cooperados, planejamento de estoque de defensivos, fertilizantes e corretivos de solo. Além da interpretação de análise de solo e recomendação de insumos. Manejo de mato, pragas e doenças das lavouras. E, em conclusão, orientação de podas, pós-colheita e qualidade de bebida. Todas essas práticas alinhadas à sustentabilidade.

Tarcísio: Na Cooxupé, o engenheiro agrônomo exerce a profissão em sua essência, desempenhando um papel fundamental e prioritário, que é a evolução sustentável do cooperado. Em outras palavras, esse feito é executado através da assistência técnica gratuita, recomendações técnicas especializadas e personalizadas, levantamento de projeção de safra. Ademais, planejamento e acompanhamento de colheita, orientação para preservação da qualidade do café no processamento, programação estratégica das atividades operacionais no ano agrícola.

Além da elaboração de formulações ideais de fertilizantes para a boa nutrição de plantas, levantamento e registro de informações acerca da produção de café, monitoramento de lavouras para o manejo integrado de pragas e doenças. Ainda assim, acompanhamento e armazenamento de dados climáticos, manejo de irrigação, confecção de matéria técnica para o jornal Folha Rural. E, depois, orientação do manejo de podas, instrução sobre boas práticas agrícolas (protocolo de sustentabilidade Gerações e programas de certificações). Dentre outras atividades às quais o profissional pode ser designado.

Atuação com cooperados

Hub do Café: Quais são os principais desafios no dia a dia junto aos produtores de café que são cooperados da Cooxupé?

Jean: Dentre dos principais desafios da profissão estão: entender a diversidade cultural dos produtores e levar tecnologias que se aplicam à realidade de cada um. Antecipadamente, por se tratar de agricultura, as lavouras são como empresas a céu aberto, então os eventos climáticos, como seca, chuva de granizo e geada, são desafios constantes. Logo, outro desafio são as redes sociais, que fornecem grande quantidade de informação, porém, nem sempre de qualidade. Levar informação correta e respaldada tecnicamente é, afinal, um desafio constante no campo atualmente.

Atividade desafiadora

Cafeicultura é uma “fábrica a céu aberto”, segundo os engenheiros agrônomos entrevistados

Hub do Café: Quais são os principais desafios no dia a dia junto aos produtores de café que são cooperados da Cooxupé?

Tarcísio: Costumamos dizer que a cafeicultura é uma fábrica a céu aberto. Em suma, essa denotação já nos remete a pensar que naturalmente se trata de uma atividade de risco. Sendo, portanto, desafiadora. Entretanto, não podemos esquecer que é, também, potencialmente rentável. Os eventos climáticos têm sido um dos grandes desafios para a cafeicultura nos últimos anos. Como, por exemplo, geadas, chuvas de granizo e seca assolaram as plantas de café nesse período e acarretaram prejuízos. Como nesse caso nada podemos fazer, o desafio maior é empregar práticas agronômicas e mecanismos técnicos que possam maximizar a produtividade mesmo num cenário adverso. A produtividade é, comprovadamente, o fator econômico que mais impacta na rentabilidade da cafeicultura.

Desta maneira, várias técnicas como a irrigação, cultivo com quebra ventos, consórcio do café com plantas de cobertura, conservação do solo, dentre outros, têm se apresentado como alternativas que ajudam a driblar parte dos efeitos do clima, gerando possibilidade de atingir boas produtividades. Outro desafio recorrente é a dificuldade em acertar bons preços de venda, pois diante volatilidade e instabilidade do mercado de café, não é tarefa simples tomar a decisão na hora certa de vender o produto. O trabalho também se estende a buscar um custo de produção equilibrado, participar da alta de preço e reduzir o custo por saca.

A escassez de mão de obra também tem sido um desafio expressivo, pois, diante da topografia predominantemente acidentada em nossa região de atuação, a dependência da mão de obra para realização das operações de produção se faz ainda mais presente. Em detrimento disso, o que verificamos é uma diminuição diária do número de pessoas aptas e disponível ao trabalho de campo.

Desafios futuros

Hub do Café: Já em relação à profissão, para vocês, quais seriam os principais desafios futuros deste profissional?

Jean: Definitivamente, integrar as novas tecnologias disponíveis com as crescentes demandas do mercado por sustentabilidade.

Tarcísio:  Do ponto de vista da profissão, clima e tecnologia são dois fatores que imprimem grandes desafios. Em relação à tecnologia, não é que o avanço dela e das máquinas substituirão este profissional, pois na profissão existem inúmeras tarefas de avaliação a campo. Cuja subjetividade depende exclusivamente das habilidades do profissional, impossibilitando a execução por máquinas.

Por outro lado, a questão da tecnologia implica em implementar essas ferramentas em favor da facilitação do trabalho do engenheiro agrônomo, a fim de prover agilidade no processo como um todo. Quanto ao clima, temos observado que as adversidades climáticas têm provocado danos significativos nas plantas cultivadas. O grande desafio, nesse sentido, é intensificar o trabalho de melhoramento genético. A fim de obter características genotípicas que expressem maior resistência às amplitudes térmicas, déficits hídricos, dentre outros atributos climáticos.

Sucesso como engenheiro agrônomo

Hub do Café: O que é preciso ter e fazer para ser um engenheiro agrônomo de sucesso?

Jean: De antemão, uma busca contínua de atualização e informações para manter a confiança dos produtores cooperados.

Tarcísio: Para ser um engenheiro agrônomo de sucesso, primeiramente, é necessário ter ética, meta e disciplina. Bem como estudar diária e exaustivamente, a fim de aprofundar no campo do conhecimento agronômico. Buscando, também, atualizar constantemente nas publicações científicas e tecnológicas. Assim, sempre visando o aprimoramento em prol da produção sustentável de alimentos.

Hub do café: Para quem deseja ser um engenheiro agrônomo, qual o conselho?

Jean: Em primeiro lugar, estude bastante. Procure sempre estar conectado com as novidades do setor agropecuário. Por último, foque na comunicação e relacionamento com as pessoas.

Tarcísio: Antes de mais nada, exerça a profissão com amor. Tenha consciência que estará lidando com recursos naturais preciosos, que precisam ser cuidados e preservados. Do mesmo modo, tenha a missão de contribuir para a produção responsável de alimentos. E, em suma, esteja sempre em busca de melhorar o processo produtivo como um todo.

Orientações

Após as dicas de Jean e Tarcísio, desejamos aos profissionais um feliz Dia do Engenheiro Agrônomo.


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