Você sabe o que é geoprocessamento?

Você sabe o que é geoprocessamento?

Técnica é muito utilizada na cafeicultura, pois usa tecnologias de informação para coletar, analisar e apresentar dados geográficos

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O geoprocessamento é uma técnica que usa tecnologias de informação para coletar, analisar e apresentar dados geográficos. É, ainda, um método muito importante para a cafeicultura, pois é responsável pela coleta de informações que inclui estudos sobre a fenologia da planta do café.

Para que você aprenda mais detalhes sobre a metodologia, o Hub do Café entrevistou o engenheiro agrônomo do Departamento de Geoprocessamento e Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, Guilherme Vinícius Teixeira.

1. O que é geoprocessamento?

De acordo com Teixeira, o geoprocessamento é um conjunto de técnicas matemáticas e computacionais que opera sobre bases de dados georreferenciados, para transformar em informações relevantes. Que, portanto, serão aplicadas na tomada de decisão estratégica do setor ou negócio.

Nesse sentido, o geoprocessamento utiliza e integra os recursos de todas as geotecnologias voltadas para coleta, armazenamento, análise e disponibilização de informações geográficas georreferenciadas.

De antemão, o planejamento racional e o desenvolvimento sustentável de qualquer atividade agropecuária pressupõem o conhecimento do ambiente em que esta atividade está inserida. Como, por exemplo, os recursos naturais, relevo, altitude e localização.

Assim, conhecer o meio físico de uma região possibilita o entendimento das variações encontradas e a extrapolação de informações e tecnologias para outros locais. Em suma, são muitas as vantagens do geoprocessamento.

“Entretanto, o conhecimento de sistemas complexos, como os ecossistemas agrícolas, é uma atividade extensa e difícil de ser desenvolvida. Isso em virtude da variabilidade dos meios de cultivo e extensão das áreas”, explica o engenheiro.

2. Etapas do geoprocessamento

No caso da cultura do café, sobretudo, as geotecnologias podem facilitar a avaliação da distribuição das áreas cafeeiras. Através, portanto, da quantificação e do entendimento das relações entre os sistemas de produção e o ambiente.

Além de fornecer informações para o gerenciamento sustentável desses ambientes. Ainda assim para programas de previsão de safra que utilizam índices de penalização resultantes de adversidades climáticas e/ou fitossanitárias. Do mesmo modo, para programas de certificação e para a produção integrada e qualidade nas quais a rastreabilidade constitui requisito essencial.

Dessa forma, todas estas informações são fundamentais para o planejamento estratégico da Cooxupé e de qualquer empresa ou órgão do setor agrícola.

No entanto, conhecer um sistema complexo como o agroecossistema cafeeiro, por meio de métodos convencionais, é uma atividade extensa e de difícil desenvolvimento. Nesse sentido, a utilização de imagens de satélites e de técnicas de interpretação destas imagens é, sem dúvida, a melhor maneira de obter a área plantada com esta cultura e os meios de cultivo.

3. O que é sensoriamento remoto?

Por outro lado, o sensoriamento remoto é uma tecnologia que nos permite obter informações e imagens da superfície terrestre por meio de satélites e radares.

Em outras palavras, a obtenção dos dados é feita à distância. Ou seja, sem contato físico entre o objeto e o sensor, através do registro da energia refletida ou emitida pela superfície terrestre.

4. O que faz o Geoprocessamento na Cooxupé?

Antes de mais nada, o Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé fornece informações e dados que auxiliam na compreensão dos eventos meteorológicos, prevenção de pragas e doenças no cafeeiro. Assim, apoiando os produtores nos processos de compreensão, gestão e na tomada de decisões estratégicas.

Na Cooxupé, pois, vários projetos estão sendo conduzidos pela Unidade de Geoprocessamento. Primordialmente, o objetivo é atender às necessidades da cooperativa como empresa, do departamento técnico e do cooperado.

Dentre os projetos, pois, alguns já estão finalizados. E outros estão em fase de implantação ou desenvolvimento, tais como:

  • Mapeamento do parque cafeeiro localizado na região de ação da cooperativa;
  • Localização espacial e identificação de todas as propriedades dos cooperados;
  • Caracterização das regiões cafeeiras quanto ao potencial de mecanização;
  • Caracterização das regiões cafeeiras com relação à qualidade da bebida do café produzido;
  • Caracterização das regiões quanto à produtividade;
  • Caracterização das regiões cafeeiras quanto à utilização de insumos e sistemas de preparo (rastreabilidade);
  • Caracterização do parque cafeeiro em função da altitude, declividade, face de exposição;
  • Geração de mapas de distribuição de chuvas e armazenamento de água no solo, com o objetivo de identificar as regiões e propriedades que poderão sofrer o impacto das condições climáticas adversas.

5. Outros projetos

Desde já, a Cooxupé tem, ainda, outros projetos de suma importância aos cooperados. Por exemplo, existe o monitoramento do clima. O departamento é responsável pela alimentação do SISMET (Sistema de Monitoramento Meteorológico).

Acima de tudo, é uma ferramenta essencial para o planejamento operacional do cafeicultor e para os resultados no campo. Assim, o sistema realiza o levantamento, controle e disponibiliza os dados captados por 17 estações meteorológicas e mais de 400 pluviômetros. Além de compilar informações repassadas por cooperados.

Ademais, a cooperativa, em parceria com a UFLA (Universidade Federal de Lavras), desenvolveu o SAD (Sistema de Aviso de Doenças). Definitivamente, o projeto é baseado no estudo e análise de dados meteorológicos para prever a ocorrência de Ferrugem e Phoma. E, assim, lançar um alerta ao produtor.

Do mesmo modo, a Cooxupé tem uma rede de estações meteorológicas onde são coletados dados de precipitação, temperatura, umidade relativa, ponto de orvalho e outros. Tudo isso auxilia na validação de modelos matemáticos para esta previsão.

Além do desenvolvimento e validação do modelo de previsão de doenças, este trabalho tem por objetivo aprimorar um painel que mostra em quais regiões as condições meteorológicas estão favoráveis a ocorrência destas doenças. E orientar o produtor a realizar o controle no momento adequado.

Por fim, o sistema permite, ainda, otimizar as aplicações, evitando pulverização desnecessária e tornando a atividade mais racional e sustentável. Quando finalizado, o SAD, que conta com o patrocínio da empresa lhara, estará disponível no site da Cooxupé e na plataforma SISMET.

6. Tecnologia necessária

Em suma, as ferramentas e as tecnologias do Geoprocessamento são cada vez mais necessárias e importantes para o processo de planejamento, gestão, tomada de decisões estratégicas para qualquer ramo ou atividade.

Nesta quinta-feira, 27 de julho, o geoprocessamento será abordado no 5º Fórum Café e Clima da Cooxupé. O evento será realizado na matriz da cooperativa, em Guaxupé (MG).