Harmonização com café? Veja combinações que funcionam

Harmonizações gastronômicas ajudam a escolher alimentos e bebidas que formam o casamento perfeito. Revelando, pois, a plenitude dos aromas e sabores de cada um. Assim, uma das bebidas mais populares do país, o café, também pode resultar em excelentes experiências. Em seu portal, a CNN Brasil ensina como fazer harmonização com café.

“Harmonização com café é algo que, de uns cinco anos para cá, vem sendo trabalhado com mais relevância. Não só por baristas, como por chefs de cozinha”, afirma Caio Tucunduva, coffee hunter responsável pela torrefação No More Bad Coffee. E um dos sócios do Café Hotel, em Pinheiros.

“E os mesmos princípios que se aplicam a vinhos, destilados e cervejas, valem para o café”, resume o especialista.

Harmonização com café

Conforme explica a chef confeiteira Giuliana Cupini, independentemente da harmonização pretendida, deve-se fazer por similaridade ou contraste.

“Por similaridade, a gente se baseia sempre na soma das características comuns da bebida e do alimento. Ou seja, onde elas vão combinar entre si e se intensificar. Por contraste, são componentes que se opõem para buscar o equilíbrio”, detalha.

O primeiro passo, de acordo com Giuliana, é analisar as características do café. Afinal, existem grãos das mais variadas qualidades, em que fatores como tipo, safra e torra influenciam nas características da bebida. Como notas aromáticas, corpo, doçura e acidez. E não é preciso ser nenhum expert para identificá-las, já que essas informações costumam constar nas embalagens.

“Os métodos de preparo também influenciam na harmonização, pois cada um deles dá um resultado diferente”, frisa a chef.

A temperatura é outro fator que deve ser levado em consideração. Já que, segundo Giuliana, a bebida quando está quente se destaca pelo corpo mais intenso. À medida em que esfria, se revela mais frutada.

Nesse sentido, Caio Tucunduva concorda. “Cada método enaltece diferentes qualidades do mesmo grão. Um espresso bem tirado, por exemplo, pode ir muito bem com chocolate amargo. Mas, o mesmo café na Hario V60 talvez não fique tão bom”, avisa.

Exemplos práticos

Entretanto, em linhas gerais, há alguns exemplos práticos de parcerias que têm tudo para ser um sucesso, segundo Giuliana.

Dessa forma, cafés coados, adocicados e suaves combinam com a simplicidade de pedidas como bolos tradicionais e biscoitos.

Por outro lado, os de média intensidade costumam ir bem com um beijinho de coco ou doces com mel, mais doces e marcantes. Já a complexidade de uma torta de nozes e figo ou de um tiramisú faz boa companhia ao espresso.

“É preciso equilíbrio para potencializar os sabores e resultar uma experiência mais agradável”, afirma a chef confeiteira.

Primordialmente, Caio Tucunduva dá outra dica. “Cafés com mais acidez funcionam muito bem com doces brasileiros de frutas, como goiabada e doce de abóbora. Já as bebidas mais adocicadas vão muito bem com um chocolate amargo, por exemplo”, ensina o coffee Hunter.

Giuliana complementa com mais uma orientação. “Um café com notas de cacau pode deixar um chocolate de amargor elevado ainda mais intenso na boca. Já para sobremesas à base de chocolate, um cappuccino bem cremoso é sem erro”, argumenta.

Café com chocolate

Ademais, cappuccino também é a escolha da barista e coordenadora de processos operacionais da We Coffee, Elena Boscato, para acompanhar doces mais “chocolatudos”.

“Temos uma infinidade de métodos de preparo e proporções de receitas. Além das bebidas com leite e as diferentes porcentagens de cacau no chocolate que podemos trazer nas combinações. E, claro, não esquecer do que se quer evidenciar. O café ‘perde’ para o chocolate, mas o chocolate ganha muito nessa combinação”, acrescenta.

Combinação com salgados

Desde já, combinar o cafezinho do dia a dia com salgados é outra ótima opção. “Sanduíches, principalmente os que levam queijo, com café coado de notas mais frutadas e acidez mais elevada”, aconselha Elena.

Também para Tucunduva, pois, a bebida vai muito bem com queijo. “Gosto muito de combinar com canastra, meia-cura, gorgonzola ou mesmo queijo branco.”

De antemão, vale a regra geral: com os cafés encorpados, os queijos fortes são a melhor opção. Com frutados, os mais leves. Porém, em todos os casos, o sabor umami e salgado do queijo tem a capacidade de “limpar” a acidez da bebida e revelar notas escondidas.

Por fim, é possível para arriscar combinações bem diferentes. “Gosto muito de carnes com café”, confessa Elena.

No entanto, os especialistas são unânimes em afirmar que o que vale é testar. “Apesar de todas as regras para a harmonização, não há certo e errado. Vai da boca de cada um. É para ser uma experiência leve, gostosa e divertida”, finaliza a chef confeiteira Giuliana.