O que diz uma análise de solo e folha do pé de café?

O que diz uma análise de solo e folha do pé de café?

Aprenda mais sobre os protocolos para elevar a produtividade da lavoura

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A agricultura brasileira, cada vez mais, se moderniza para elevar a produção e, assim, aumentar os ganhos. E com a cafeicultura não é diferente. O produtor sabe que para ter uma lavoura saudável precisa, antes de mais nada, de uma análise de solo e folha. É por meio delas, sobretudo, que é possível saber sobre as necessidades do pé de café.

Análise de solo e folha

A planta de café não é, genuinamente, brasileira. As primeiras plantações se deram, a princípio, com sementes vindas da Guiana Francesa, em 1727.

Mas, somente em 1887, diante das dificuldades enfrentadas na produção, o então imperador Dom Pedro II, se mobilizou de forma contundente. Para dar suporte ao desenvolvimento do café que, à época, já era o principal produto da economia brasileira.

Na ocasião, os solos brasileiros tinham fertilidade natural deficiente, presença elevada de hidrogênio e alumínio (elementos vilões para o desenvolvimento das raízes das plantas) e, assim, não se obtinha grandes êxitos de produtividade.

Dessa forma, Dom Pedro II contratou o austríaco Dr. Franz W. Dafert, químico de solo, para fundar o Instituto Agronômico de Campinas, que passou a fazer análises e pesquisas para melhorar a produtividade das terras do país.

Fertilidade do solo

De acordo com o Engenheiro Agrônomo da Cooxupé, Tarcísio Barbosa de Morais, a análise do solo um tem papel fundamental na agricultura atual. Isso porque, permite realizar o diagnóstico da fertilidade do solo por meio da quantificação dos micronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre) e, também, dos micronutrientes (cloro, ferro, cobre, manganês, zinco, boro e molibdênio).

“Esses elementos são essenciais e vitais ao metabolismo do cafeeiro, pois somente por meio do suprimento adequado deles, as plantas podem viver de maneira saudável e efetuar o processo de produção em alta escala”, explica.

Morais acrescenta, ainda, que é preciso fazer a análise foliar do cafeeiro. “É necessário, também, realizar a análise de folha, que seria o exame de sangue da planta de café. O objetivo é certificar se aqueles nutrientes que estavam disponíveis no solo, foram realmente transferidos para dentro da planta, em quantidades adequadas e de forma equilibrada”, frisa.

Márcio Donizetti de Andrade, Coordenador do Laboratório Cooxupé, reforça a importância do processo. “A análise de solo é uma ferramenta cujo objetivo é fornecer informações confiáveis sobre as disponibilidades de nutrientes e a fertilidade da lavoura analisada”, afirma.

Ele continua comentando, especialmente, sobre os processos seguintes, que incluem a correção do solo. “De posse dos resultados é possível realizar a elaboração de um plano de calagem, gessagem e adubação do solo que possibilite atingir uma produção economicamente viável. Para isso, deve-se fazer a análise química completa de macro e micronutrientes, matéria orgânica e a análise física, para avaliar a textura do solo”, completa.

Análise foliar

De acordo com o engenheiro agrônomo da Cooxupé, para realizar a análise foliar, é importante seguir as devidas recomendações. “O produtor deve coletar entre 60 e 100 folhas em sua lavoura, sempre no 3º ou 4º par de folhas do ramo, e em seguida destinar ao laboratório. O resultado pode ser interpretado por um engenheiro agrônomo ou um técnico agrícola”, reforça Morais.

Se os teores de nutrientes estiverem em níveis ideais, significa que o solo estava bem nutrido, as adubações foram bem realizadas e as raízes das plantas foram capazes de absorvê-los, podendo traduzir esse cenário harmônico em alta produtividade de café.

“Caso contrário, o produtor deve acionar o profissional técnico de sua confiança, para que juntos possam elaborar intervenções de suprimento e correções nutricionais. Tudo isso, a fim de atingir o objetivo maior, que é produzir um café de qualidade, sustentável e com volume capaz de trazer sucesso ao produtor”, diz.

Estado nutricional da planta

A análise foliar permite a diagnose do estado nutricional da planta, ao indicar os teores de macro e micronutrientes nelas existentes. Assim, permite analisar se os níveis estão adequados, deficientes, tóxicos ou, por fim, em desequilíbrio. Andrade lembra, contudo, que é preciso levar em conta as variações externas.

“É bom lembrar que o teor de nutrientes disponível no solo sofre variação em função da acidez, sendo que a disponibilidade de certo elemento será diferente após uma elevação de pH, resultante de uma calagem. A análise foliar assume, portanto, vital importância na complementação da análise de solo e deve ser adotada como prática rotineira na cafeicultura”, explica o coordenador do Laboratório Cooxupé. 

A análise sobre o estado nutricional da planta pode ser feita em qualquer época. Contudo, o importante é comparar com padrões referenciais da mesma época amostrada. O potássio, por exemplo, varia muito em teores durante a safra, principalmente na época de enchimento de grãos podendo levar, em conclusão, a uma interpretação errada se comparado com períodos muito diversos. 

Ou seja, manter a correta periodicidade das análises ajuda a manter o cafezal bem nutrido e em condições de oferecer o máximo em produtividade. E para mais informações ou dúvidas o ideal é procurar o Departamento Técnico da Cooxupé.


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