Problemas na Colômbia podem fortalecer imagem da cafeicultura brasileira
As incertezas em relação ao abastecimento geradas pelos impasses por causa da crise no país aumentam a competitividade do Brasil no exterior
Os problemas enfrentados pela Colômbia podem fortalecer a imagem da cafeicultura brasileira, já que às incertezas em relação ao abastecimento geradas pelos impasses logísticos por causa da crise no país aumenta a competitividade do Brasil no exterior.
De acordo com reportagem publicada no site Notícias Agrícolas, a Colômbia corresponde por, pelo menos, 10% do abastecimento mundial de café e cerca de 800 mil sacas do produto deixaram de chegar ao mercado externo desde o dia 28 de abril, data em que se iniciou a onda de protestos e violência no país.
Segundo Eduardo Carvalhaes, analista do Escritório Carvalhaes, a situação colombiana é de fato muito preocupante e está demorando mais do que o esperado pelo setor para voltar à normalidade. Por outro lado, o especialista destaca que de certa forma, o problema fortalece a imagem brasileira de confiabilidade. “Nós temos uma fama muito antiga de bons embarcadores de café. Ainda precisamos melhorar muito a logística, mas aqui é muito melhor que nos outros produtores de café”, comenta.
Crise na Colômbia: suspensão de compra
A reportagem do site Notícias Agrícolas revela ainda que a preocupação com a imagem da Colômbia já é uma realidade para a Federação Nacional dos Cafeicultores (FNC). “O mais complexo é a reputação da Colômbia. Esse café que não se pode exportar não chega às indústrias, que precisam desse produto e devem comprar de outras origens para atender o consumidor final”, afirmou Roberto Velez Vallejo, porta-voz da FNC.
Outra informação importante confirmada por Vellez é que a Colômbia já começou a ser notificada pela falta de entrega da mercadoria. “Na semana passada, fomos oficialmente notificados por alguns clientes no exterior que nos informam que suspenderão o uso do café colombiano devido a atrasos e não conformidades. Avisamos desde o primeiro dia dos bloqueios: “eles estão destruindo o que levou anos para ser construído”, publicou em sua conta oficial no Twitter.
De acordo com as informações da própria FNC, a partir do momento em que as estradas forem liberadas e os embarques retomados, o setor cafeeiro colombiano deve levar pelo menos mais quatro meses para retomar o ritmo ideal de embarques.
Oferta global
A redução na oferta global de café é um problema que deve se manter como um termômetro para o mercado no longo prazo. Caso o problema se estenda na Colômbia, com a quebra de safra brasileira, a tendência é de estoques cada vez mais apertados.
Outro fator de destaque são os problemas climáticos que não afetam apenas a produção de café no Brasil. Na Colômbia, por exemplo, o excesso de chuvas prejudicou o desenvolvimento da safra e produtores afirmam que a quebra também será expressiva. Fato que comprova os problemas colombianos, é o aumento na importação de café brasileiro nos últimos meses registrados pelo país.
Em Honduras, no ano passado, dois furacões atingiram o parque cafeeiro e o país perdeu parte dos estoques certificados na ICE, antes representados em boa parte pelo café hondurenho e que agora contam com o café brasileiro.