Produtores de café devem estar atentos aos ácaros em cafeeiros

Produtores de café devem estar atentos aos ácaros em cafeeiros

Alerta vem da Fundação Procafé. Saiba quais tipos de ácaro que podem afetar os cafezais

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José Braz Matiello, engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, alerta os cafeicultores sobre ácaros em cafeeiros, conforme notícia da Revista Campo e Negócios.

Conforme ele, são três as espécies de ácaros mais frequentes e com prejuízos aos cafezais: o ácaro vermelho (Oligonichus ilicis), o ácaro branco (polyphagotarsonemus latus) e o ácaro da leprose (ácaro plano – Brevipalpus phoenicus).

Saiba mais sobre as diferenças:

Ácaro vermelho

De acordo com Matiello, o ácaro vermelho ataca as folhas do cafeeiro, especialmente os ponteiros da planta. Sobre as folhas observa-se que são muito pequenos e se movimentam rapidamente. Sendo, portanto, as fêmeas de cor vermelho-escuro e os machos mais claros.

As plantas atacadas apresentam folhas de cor bronzeada e sem brilho, verificando, pois, sobre a face superior das folhas, as finas teias tecidas pelos ácaros e os restos de suas ecdises, ou seja, troca de pele ou do invólucro que reveste o ácaro.

As folhas atacadas (as novas) diminuem de tamanho, as ranhuras reduzem a área foliar e a fotossíntese, ocorrendo queda de folhas e perda de produção.

O ácaro vermelho foi constatado atacando também os frutos em cafeeiros Conillon e, mais recentemente, com gravidade também em cafeeiros arábica.

Ataque

Matiello explica que o ataque do ácaro vermelho normalmente ocorre em reboleiras, podendo, também, mais raramente, atacar toda a plantação. Sendo, portanto, mais atingidas as plantas com maior carga.

Os períodos de maior incidência são o inverno e as épocas de veranico (períodos secos), já que, em épocas de chuva ou irrigadas por aspersão, estas podem, lavando as folhas, eliminar parte da população de ácaros.

O ácaro vermelho, pela sua estrutura, no entanto, tem pouca capacidade de fixação na folha, por isso se lava com a chuva. As regiões mais quentes e secas apresentam maiores problemas de ataque deste tipo de ácaro.

Trabalho de pesquisa na Zona da Mata de Minas mostrou que na mesma área o ataque do ácaro vermelho foi de 60,5% de folhas no Conillon e 10,8% no Catuaí. O Mundo Novo também se mostra mais atacado do que o Catuai.

Cuidados

O uso exagerado de fungicidas cúpricos e, também, de piretroides causa problemas, de acordo com Matiello. Aumentando, pois, muito a população de ácaros, embora alguns dos piretroides sejam, também, acaricidas e não provoquem esse desequilíbrio.

O uso de inseticidas do grupo dos neonicotinoides, mesmo via solo, causa maior ataque do ácaro vermelho, provavelmente por alterar o conteúdo de aminoácidos ou hormônios no cafeeiro.

Alguns técnicos atribuem pouca importância a esse desequilíbrio, alegando que o ácaro vermelho mata apenas aquelas células da folhagem em que ataca diretamente, reduzindo pouco a área fotossintética.

No entanto, pesquisa realizada na FEX Varginha mostrou que, em situação de desequilíbrio, ocorreu desfolha significativa pelos ácaros e, em função dela, os cafeeiros da testemunha, sem uso de neonicotinoide + piretroide, produziram, no ano seguinte, 41,8 scs/ha, enquanto os cafeeiros que receberam esses produtos (1 – 2 vezes), que provocaram a elevação da população de ácaros vermelhos, produziram 15 – 28,7 scs/ha, com perdas de até 65% à produtividade.

Ácaro branco

O ácaro branco é frequente em viveiros de café, atacando, também, plantas no campo. Vive na parte inferior das folhas, principalmente das mais novas, onde se pode observar, com dificuldade, a olho nu ou com lupa, pequenos espécimes de cor branco-leitoso, que se movimentam rapidamente.

As folhas atacadas tornam-se encurvadas, deformadas e ásperas. As folhas ficam de tamanho reduzido e ocorre pequena queda de folhas.

Por meio do uso correto e restrito de defensivos protegem-se os inimigos naturais dos ácaros – microjoaninhas, microorganismos e ácaros predadores.

O ácaro da leprose é importante apenas como vetor da doença leprose do cafeeiro, à semelhança do que ocorre na leprose dos citros. Sua população é encontrada em maior escala no final do período seco, em agosto/setembro e o ácaro pode ser identificado, sob lupa, por ser mais plano e, principalmente, por uma mancha escura que apresenta no meio do seu dorso.

É comum encontrar os ácaros em posição mais dentro da planta, junto às rosetas de frutos. Em anos chuvosos o ataque é menor.

Monitoramento

É frequente a observação de outros ácaros presentes nas plantas de café, tratando-se, quase sempre, de ácaros predadores, sendo mais comuns os da família Phytoseiidae.

Esses ácaros comumente se abrigam nas domáceas (orifícios) nas folhas do cafeeiro. É frequente o ácaro predador Iphiseiodes zuluagai.

Controle

O uso correto de defensivos é, pois, uma medida preventiva para redução da população de ácaros, destacando-se os cuidados que se deve adotar com os fungicidas cúpricos e os inseticidas piretroides e neonicotinoides como principais fontes de desequilíbrio para ácaros.

Dicas importantes

Para cada espécie desses ácaros existem produtos acaricidas ou acaricidas-inseticidas registrados para uso em pulverizações. Um cuidado consiste no uso, sempre que possível, de produtos acaricidas mais seletivos para os ácaros predadores.

Para o ácaro da leprose, como ele se localiza dentro da planta, é importante a época de aplicação. A primeira aplicação coincide, no pós-colheita, em set/out, quando a planta se encontra mais aberta (pela desfolha) e um alto volume de calda nas aplicações.

Uma segunda aplicação é indicada na granação dos frutos (jan/fev.), quando, aparentemente, os ácaros migram para a parte mais externa dos cafeeiros. Por fim, uma aplicação em novembro, com início da folhagem nova, tem sido preferida por alguns técnicos.


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