Retomada expressiva do consumo de café no mercado interno deve acontecer só em 2024

Retomada expressiva do consumo de café no mercado interno deve acontecer só em 2024

Avaliação, feita com dados do Euromonitor, mostra potencial para crescimento nos próximos anos, com destaque para o solúvel

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Com inúmeros desafios enfrentados pelo setor cafeeiro no pós-pandemia, muito tem se falado, principalmente, sobre as incertezas em relação ao consumo de café. Historicamente falando, a bebida se mostrou resiliente em tempos de crise e de alta inflação.

Nesse sentido, os números mais recentes mostram que, antes de mais nada, o brasileiro não abriu mão do tradicional cafezinho de todos os dias. Porém, houve uma mudança no padrão de consumo, conforme divulgado pelo Notícias Agrícolas.

Retomada no consumo

De acordo com dados recentes da Euromonitor Internacional, o país registrou, agora, queda de 0,07% no volume total de café consumido no Brasil.

De acordo com Rodrigo Mattos, analista de Pesquisa Sênior da Euromonitor, a ligeira queda, em 2022, é justificada pela alta dos preços no varejo, sobretudo, ocasionada por problemas na oferta do produto.

“Percebemos que os consumidores brasileiros, no contexto de alta de preço de café principalmente, decidiram não expandir o consumo. Muitas vezes até mesmo diminuir o seu consumo para se manter na mesma marca”, explica o analista. 

Impacto no setor varejista

Vale ressaltar, no entanto, que a Euromonitor considera as vendas do produto em volume total, seja no varejo ou foodservice.

Os dados, porém, não consideram as vendas empresariais como, por exemplo, para hospitais, escritórios ou por meio de licitações.

Mattos acrescenta, ainda, que de fato o café pode continuar sendo considerado resiliente em momentos de crise se comparado a outras categorias.

“Porém, ele sofre com a inflação. E no caso do café a gente sabe que está associada ao preço commodities que, por sua vez, está associada às questões climáticas que a gente viu no ano passado”, complementa. 

Café em alta

Traçando uma linha do tempo, é importante lembrar que os preços do café subiram de forma expressiva na Bolsa de Nova York (ICE Future US) impactados, sobretudo, pelos impactos climáticos.

Em uma janela de três anos, especialmente, a principal região de produção do café arábica sofreu com diversos eventos naturais.

Dentre os quais, especificamente, a seca prolongada, as geadas e, mais recentemente, pelas fortes chuvas de granizo que atingiram o parque cafeeiro.

Assim, os preços chegaram a avançar quase 40% para o consumidor final, de acordo com dados oficiais das lideranças do setor no Brasil. 

Solúvel lidera as preferências

Pensando adiante, contudo, o analista destaca que, em 2023, a recuperação ainda será lenta. Dessa forma, apenas em 2024 deve ocorrer um avanço com a expectativa, inclusive, de retomada aos patamares pré-pandemia, entre 2% e 4%. 

Nesse sentido, destaque para o café solúvel, que se manteve estável em 2022 e se tornou um coringa devido, especialmente, ao fato de ser prático e funcional.

“O solúvel não sofreu tanto nesse contexto porque está passando por um momento de inovação tecnológica e de qualidade, que está trazendo novos consumidores para a categoria. Não é uma categoria que está parada e para o futuro, a gente tem a percepção que o café solúvel vai conseguir explorar muito bem essas inovações constantes e essa flexibilidade que ele oferece”, conclui Mattos.


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