Vanusia Nogueira chegou lá
Mineira é a primeira mulher a assumir a OIC (Organização Internacional do Café), com sede em Londres
“Mulher primeiro tem que mostrar competência para depois começar a trabalhar”. Com essas palavras, Vanusia Nogueira define o novo desafio à frente da Organização Internacional do Café (OIC).
Assim, a mineira de Três Pontas, no sul do estado, vai ocupar pelos próximos cinco anos o cargo de diretora executiva da OIC. A sede fica em Londres, na Inglaterra.
Dessa forma, Vanusia sabe que muitos desafios a esperam. “Essas questões do pós-pandemia, com as travas logísticas, trazem uma série de entraves. A minha expectativa é colocar todo mundo junto para gerar oportunidades”, comenta.
Mas para chegar até lá, foram muitos anos de dedicação. Vanusia é de uma família de cafeicultores. Precisou estudar e mostrar empenho para conquistar o merecido espaço.
Estudos e trabalho
Vanusia tem um currículo extenso. Pois, é administradora e graduada em Tecnologia da Informação. Tem, pois, MBA em gestão de Marketing. E em 2017 se tornou doutora em Administração, Negócios e Marketing pela Fundação Getúlio Vargas/Universidade Nacional de Rosario.
Assim, em 2009, finalmente, assumiu a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais). A entidade valoriza os cafés especiais produzidos no Brasil.
Primeiramente, conseguiu expandir a estruturação de selos para o mercado interno. Ao passo que criou um Conselho com a missão de melhorar a imagem do café brasileiro no exterior. E o êxito desta missão já é reconhecido.
Nesse período, Vanusia estruturou também o Cup of Excellence. Trata-se do maior concurso de cafés especiais do mundo.
Todavia, a tarefa só foi possível porque a BSCA se tornou mais inclusiva. Saltou, então, de 24 para 80 mil membros pelo país. Assim, a entidade também criou diferentes categorias de produtores. O que segmentou o setor no país.
Logo após, a associação criou 14 diferentes categorias de produtores, segmentando o setor no país, com explica Vanusia. “Todas as empresas e pessoas que estão fazendo um trabalho de qualidade e de sustentabilidade estão sendo convidadas a estarem conosco”.
Dessa forma, foi juntando prática, teoria e um olhar diferenciado que fizeram Vanusia ser unanimidade em indicações para assumir a OIC. “Para mim é uma honra assumir um cargo tão importante. Eu vou tentar fazer jus a todas as meninas que me veem como fonte de inspiração”, pontua.
Brasil de novo
O que não faltaram na OIC foram brasileiros presidindo o Conselho. Antes de Vanusia, outro brasileiro atuava como diretor executivo. No caso, José Sette ficou à frente da Organização de 2017 a 2022.
A OIC é a principal entidade internacional para a promoção de café. Dessa forma, a oficialização desses nomes significa muito em termos de produção, consumo, aprimoramento e mercado de cafés.
Vanusia avalia, pois, que apesar dos desafios pós-pandemia, pretende revolucionar a atuação frente à entidade. Fortalecendo, assim, a transparência e a sustentabilidade, além de construir pontes com os países não integrantes.
Pioneirismo feminino
Quem conhece a trajetória, sabe que o sucesso não chegou por acaso. Foi resultado de empenho e dedicação de uma extensa classe de produtores e conhecedores do trabalho da mineira.
À frente da BSCA, Vanusia conseguiu dar projeção ao Cup of Excellence, que havia sido criado em 2000. Ela também tocou em pontos sensíveis, como as denúncias de trabalho escravo nas lavouras de café.
Reuniu produtores, bateu na tecla da inclusão e conscientizou sobre o tema para atacar a exploração na cafeicultura. Amadurecendo o conceito de que o resultado final só interessa se beneficiar todas as pessoas.
“Todos os elos precisam estar fortes. De nada adianta um forte e outro fraco, que a corrente arrebenta”, explica.
Esse engajamento trouxe reconhecimento à gestão da mineira. E Vanusia Nogueira chegou lá. Agora, um dos principais desafios é aumentar a aceitação do café brasileiro no mercado externo. Com foco na qualidade, logística e sustentabilidade.
Potencial para novos negócios
O planeta está de olho no Brasil. Contudo, a nova diretora executiva da OIC sabe desse potencial. “O mundo espera isso, que a gente seja referência e exemplo em profissionalismo e consistência de entrega. Quanto mais qualidade com escala, mais o mundo vai nos agradecer”.
Vanusia Nogueira sabe, acima de tudo, que gerir uma Organização como a OIC é uma enorme responsabilidade. E a tarefa, afinal, é um reconhecimento pela competência.
Por fim, no mundo dos negócios desde 2002, e com tantas etapas percorridas até aqui, é consenso que Vanusia está escrevendo um importante capítulo na história do café.