Violações de contratos de café na Colômbia chegam a 20%, aponta levantamento
O número, segundo reportagem, é produto dos bons preços que o grão tem hoje no país, pois produtores preferiram vender sacas diretamente
Um levantamento publicado pelo portal La Patria mostra que as violações de contratos de café na Colômbia chegam a 20%. Isto até o mês de julho. Os dados mostram o descumprimento nas entregas de café em vendas futuras por cafeicultores.
O número é, paradoxalmente, produto dos bons preços que o grão tem hoje no país. Ultrapassa US$ 1,6 milhão por carga de 125 quilos. Isto porque muitos cafeicultores preferiram colher sua safra e vendê-la física ou diretamente. Assim, não cumpriram o acordo firmado na bolsa de valores.
Contratos de Café na Colômbia
Entre os mecanismos que os cafeicultores do país utilizam hoje, está essa opção de venda a prazo. Ou seja, vender suas safras futuras, aquelas que ainda não saíram, e fixar-lhes um bom preço. Isto independente do valor de mercado atual, um fator que beneficia o produtor, dada a queda contínua dos preços.
Porém, com a atual retomada, que já supera a dos contratos futuros, diversos produtores deixaram de cumprir essas entregas. Assim, além de colocar em risco a situação financeira das cooperativas e exportadoras, também faz com que esse mecanismo deixe de ser utilizado em a médio prazo.
Segundo a reportagem do La Patria, o Fundo Nacional do Café da Colômbia e os exportadores concordaram em comprar com as cooperativas cerca de 100 milhões de quilos para entregas em 2020, 2021, 2022 e 2023.
No entanto, desse total, já existem cerca de 20 milhões de quilos vencidos, com entrega que estava prevista para 2020 e primeiro trimestre de 2021.
A campanha e o dilema
Por outro lado, o setor confia que nos próximos meses os produtores do país comecem a acompanhar essas entregas. Pois, embora tenham sido tentados pelo melhor preço, também houve uma safra menor em relação a 2020.
Porém, o conceito de alguns produtores é que, embora não estejam perdendo dinheiro, eles param de ganhar por não venderem diretamente. Apesar disso, o apelo que as cooperativas têm feito é no sentido de cumprimento dos compromissos.
Além disso, os contratos futuros equivalem a apenas 30% do total café, e o restante pode ser vendido fisicamente.
Do lado jurídico, o risco é que isso leve a ações judiciais contra as cooperativas e estas, por sua vez, contra os produtores. Pois o descumprimento gera uma cadeia de atrasos. Como o Fundo não tem o grão, tem de buscar recursos para comprá-lo no mercado e, assim, conseguir cumprir os contratos de exportação.
As violações não são apenas dos produtores. Algumas cooperativas também assumiram em algum momento suas próprias posições futuras de vendas em busca de melhores lucros.