Você já ouviu o termo break bulk?
Trata-se de uma modalidade de transporte de cargas que voltou a ser usada para o embarque de mercadorias
Se tem um setor que praticamente não para é o transporte de mercadorias. Mas, em meio a adversidades como a pandemia, a falta de insumos e uma guerra acontecendo, surgiram entraves mundiais como a falta de contêineres. E, nesse sentido, uma antiga forma de embarque voltou a acontecer: o break bulk (carga solta).
O termo refere-se às cargas fracionadas, que são acondicionadas individualmente dentro dos porões de navios. Para que, dessa forma, os países sigam honrando os compromissos externos de entregas.
Como funciona o break bulk
O Ronald Pires de Moraes, gerente administrativo de Exportação e Mercado Externo da Cooxupé, concedeu entrevista ao podcast CoffeeCast, do Notícias Agrícolas. Para explicar, pois, como funciona essa modalidade.
No caso do café, cultura que de antemão tem o Brasil como líder global em produção e exportação, os exportadores resgataram esse tipo de embarque, tão comum na década de 1990. Todavia, tiveram que fazer algumas adaptações.
De acordo com Ronald, os últimos lotes de forma contínua ocorreram 30 anos atrás. “Neste período os caminhões desciam para a serra do mar com os sacos de café e iam diretamente ao lado do navio. Colocava-se uma rede, também conhecida como lingada, e estes sacos eram colocados nessa rede e içados. Lá dentro, eram empilhados individualmente saco a saco”.
Adaptações ao longo do tempo
Contudo, ocorreram algumas adaptações pensando no transporte de alimentos. Os navios precisam estar em boas condições, sem odores, e os porões devem estar limpos para não alterar a qualidade do café.
O gerente administrativo de Exportação e Mercado Externo da Cooxupé lembra, por exemplo, que é preciso se atentar ao risco de infiltração e umidade. “Também verificamos as tampas dos porões para que não entre água, seja do mar ou da chuva. Outro ponto importante é a ventilação, que deve ser feita a cada 6 horas, para que o ar não condense”.
Preferencialmente, fica a critério do cliente, que é o pagador do frete, escolher o transporte de sacas de cafés por break bulk. E esse transporte tem sido uma alternativa importante frente à escassez por caixas para o embarque.
Como se trata de um transporte diferenciado, o desembarque também merece atenção, como explica Ronald. “Após esse tempo, na descarga, o recebedor deve avaliar a carga para saber se não houve avarias, para que não rompa um bag (sacaria) e acabe tendo prejuízos”.
Por fim, ele lembra que a Cooxupé também lançou mão do break bulk desde a retomada do processo. “A cooperativa realizou quatro embarques nessa modalidade, sendo que dois foram completos (com cafés da Cooxupé ocupando todo o porão do navio) e outros dois de forma parcial, ou seja, com parte do café embarcado em porões. Entendemos que isso seja uma alternativa para manter as exportações”, conclui.