Agricultura familiar movimenta cafeicultura

Agricultura familiar movimenta cafeicultura

Cooperativismo abre grandes oportunidades para mini e pequenos produtores de café de Minas Gerais e de São Paulo

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“Meu pai, Edir José de Carvalho, desde muito jovem trabalhava como safrista nas fazendas de café, numa colheita da cidade de Cabo Verde. Ele conheceu a minha mãe e se casaram. Morando lá, meu pai continuou a trabalhar com café junto com meu avô. Eles eram “meeiros” de uma lavoura e, depois, ele continuou sem meu avô a cuidar dessas lavouras. Foi quando ele levou dois irmãos junto, o Edenilson e o Edivair”.

Este depoimento é de Thales Eduardo da Silva Carvalho, filho de Edir, ambos cafeicultores na cidade de Campestre (MG). Eles são cooperados da Cooxupé e integram aos mais de 17 mil produtores da cooperativa cafeeira com sede em Guaxupé, Minas Gerais. Assim, pertencem à maioria dos associados que compõe o perfil da Cooxupé: a agricultura familiar.

Atualmente, 97,7% dos cooperados da Cooxupé movimentam a agricultura familiar no quadro de associados da cooperativa. A cooperativa produz café verde tipo arábica e exporta para clientes de 50 países, em cinco continentes. 

Matriz da Cooxupé em Guaxupé, MG

A força da agricultura familiar 

“Meu pai ficou em Cabo Verde por 10 anos e em 2004 comprou 3,5 hectares em Caldas, onde plantou café e agora nós trabalhamos em família. Eu, desde pequeno, o acompanhava para lavoura. Agora que me casei todos temos uma função: nós homens cuidamos da lavoura e da colheita e minha mãe e esposa do café no terreiro. Dessa forma fica um trabalho unido, onde geramos resultados muito bons. A prova é que os nossos cafés vêm se destacando em alguns concursos e a própria união das pessoas”, explica Thales.

Fazer parte do mundo do café, para ele, é motivo de gratidão e orgulho, bem como ter parceiros, pessoas e empresas tão verdadeiramente especiais.

“O cooperativismo é muito bom. Principalmente para nós que somos pequenos produtores temos a oportunidade de fazer parte do mercado e de ver nosso produto ganhando o mundo. Isso seria impossível sem grandes parceiros como essas duas cooperativas as quais pertencemos: Cooxupé e Sicoob”, ressalta Thales.

O produtor Paulo Roberto de Moraes, de Caconde, é também cooperado Cooxupé e faz parte da realidade da agricultura familiar. Ele enfatiza o envolvimento de toda sua família. “Nossa relação com o café começou desde 1983 comigo e minha esposa, em seguida, minhas filhas e genros. Da agricultura familiar, tiramos nossa independência financeira. Hoje, toda família trabalha na agricultura”, pontua.

Família do cooperado Paulo Roberto de Moraes, em Caconde (SP)

Cooperativismo na cafeicultura

Conforme esta divulgação, as cooperativas são responsáveis por 48% da produção de café do Brasil, gerando receitas para muitas famílias. Como é o caso da Cooxupé, de acordo com as histórias contadas acima.

Fazer parte de uma cooperativa é promover aos produtores que representam a agricultura familiar a oportunidade de fazer parte e aproveitar as boas oportunidades do mercado competitivo e dinâmico, como é o do café. É ter a chance de ter a própria produção avançar fronteiras e alimentar consumidores de diversos países do mundo.

Nesse sentido, Thalles destaca a SMC, a empresa da Cooxupé com atuação no mercado de cafés especiais. “É uma grande aliada neste nicho de mercado. Foi por meio dela que tivemos a oportunidade de conhecer melhor nosso produto e junto da assistência técnica da Cooxupé mudar e aprimorar alguns detalhes importantes e, assim, agregar qualidade e valor ao produto. Com isso, em 2019, um pequeno lote nosso ficou em 8° lugar no Cup of Excellence, em que o vendemos em um leilão por um preço jamais imaginado. Depois disso, em 2020 e 2021, ficamos em segundo lugar no programa Especialíssimo da SMC e Cooxupé”. 

SMC é a empresa da Cooxupé com atuação no mercado de cafés especiais há 13 anos

O que é?

De acordo o MAPA, a agricultura familiar se caracteriza por uma produção que utiliza a mão de obra de sua própria família nas atividades econômicas. A propriedade não pode ser, portanto, maior que quatro módulos fiscais.

 Ainda dentro deste contexto, o empreendimento agropecuário deve ser administrado por membros da família e, além disso, grande parte da renda da família precisa sair da produção rural. A partir da aprovação da lei nº 11.326/2006, a agricultura familiar foi reconhecida como profissão no Brasil.

Abrangência

Conforme informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas pelo Portal Summit Agro do Estadão, o último Censo Agropecuário diz que a agricultura familiar é responsável por 77% dos estabelecimentos agrícolas do Brasil e emprega mais de 10 milhões de pessoas, o que corresponde a 67% da força de trabalho ocupada em atividades agropecuárias.

Ainda de acordo com o Portal Summit Agro do Estadão, mais de 80% de todos os alimentos produzidos no mundo têm como origem propriedades familiares. Por fim, em reconhecimento a essa importância, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou que a década entre 2019 e 2028 é dedicada à agricultura familiar e estabelece uma série de ações para fomentar a prática.


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