Café não dá mais energia, mas empresta Cup of coffee with coffee beans outdoors with a background of unfocused landscape.

Café não dá mais energia, mas empresta

Pesquisadores alegam que o principal componente da bebida, a cafeína, apenas afasta o cansaço de forma temporária

3 minutos de leitura

Em todo o mundo, diariamente, são consumidos mais de 2 bilhões de xícaras de café. Seja para despertar ou, então, para dar mais energia ao longo do dia. Mas, na verdade essa ideia não está correta.

Isso porque cientistas apontam que o café não dá energia extra. Na realidade ele apenas empresta, temporariamente, uma sensação de maior disposição, afastando o cansaço. Entenda na reportagem do Canal Tech.

Mais energia?

Sempre associamos o café a uma série de coisas boas, como ânimo, energia e disposição. Mas a cafeína, elemento principal da bebida, apenas nos empresta essas sensações.

De acordo com cientistas, a cafeína trabalha interagindo com a adenosina, um composto que age na regulação do ciclo de sono e vigília. E que é responsável, sobretudo, por nos deixar cansados após a realização de atividades. Pois, seus níveis sobem durante o dia, liberada como subproduto da energia celular gasta.

Assim, a adenosina liga-se ao seu receptor que informa à célula que é hora de diminuir o ritmo, causando sonolência e sensação de cansaço.

Porém, a cafeína substitui a adenosina no cérebro, responsável por nos conferir a sensação de cansaço.

Como age a cafeína

Quando dormimos, a energia gasta é menor, diminuindo também os níveis de adenosina, convertida em outros tipos de composto.

Se dormimos o suficiente, acordamos renovados, com as células prontas para outro dia de atividades.

A cafeína ajuda com a sonolência porque ela se liga, especialmente, aos receptores de adenosina, já que possui um formato similar, mas não idêntico.

Dessa forma, ela não gera os sinais de cansaço que o composto cerebral causa.

E, em síntese, ao ocupar o espaço a cafeína impede a adenosina de se ligar, afastando o sono.

Assim, nesse processo, não há energia extra gerada para o corpo. Ou seja, após acabar o período de ação da cafeína, que não se liga aos receptores para sempre, a adenosina que estava esperando para ocupar esse espaço volta à ação.

Portanto, quando há muito desse composto no organismo, a sensação de cansaço pode voltar com força e, às vezes, de uma só vez.

A conta da cafeína tem de ser paga, obviamente. E a única moeda que o corpo aceita é o sono.

Hora do café

O horário em que toma seu café também é importante, pois o impacto da cafeína irá depender da quantidade de adenosina livre que está no sistema ou, então, que ainda não se ligou às células cerebrais.

E o café consumido mais tarde, quando o sistema tem mais sinais de sonolência, pode fazer seu organismo se sentir mais poderoso do que se o tomar mais cedo.

Mas, se beber muito tarde no dia, a cafeína pode acabar conferindo uma dificuldade extra na hora de dormir.

A meia-vida da substância — ou seja, o tempo necessário para quebrar metade dela — é de, aproximadamente, 5 horas. Com variações dependendo, inclusive, de como cada organismo faz a metabolização.

Desse modo, assíduos consumidores de café podem sentir menos o efeito da cafeína na bebida, pois a tolerância à substância aumenta com o tempo.

Empréstimo de energia

A cafeína aumenta, também, os níveis de cortisol no corpo, um hormônio do estresse que nos deixa mais em alerta.

Por isso, a substância torna-se eficiente mais tarde já que, naturalmente, acordamos com níveis mais altos de cortisol.

Um café consumido logo que acordamos pode parecer não fazer tanto efeito por conta disso.

Caso a bebida seja adoçada, tanto a sensação de alerta quanto a perda dela serão maiores. Pois, o doce cria energia bruta no corpo.

No entanto, os açúcares livres na bebida irão aumentar a glicose do sangue, gerando mais sensação de cansaço após sua queda mais adiante.

De acordo com a ciência, não há nenhum malefício em beber café em jejum. Contudo, caso você tenha ingerido algum alimento antes, a bebida pode afetar o organismo mais lentamente. Pois, desde já, a comida reduz a taxa de absorção da cafeína.

Alimentos ricos em cafeína

Vale ressaltar que outras bebidas também contêm cafeína. Como, por exemplo, chás, energéticos, refrigerantes e outros produtos.

Como em geral, os ingredientes vêm das plantas, cada bebida cafeinada terá seus próprios compostos. Assim, os efeitos estimulantes são os mais variados.

No final das contas vale lembrar que a substância, sobretudo, não faz milagres. Logo, para adquirir e repor energia o melhor é consumir alimentos e água o suficiente e, por fim, dormir bem.

O café pode até ser uma muleta para afastar o cansaço. Porém, nunca deve ser nossa fonte única de vigília ao longo do dia.


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