Colômbia detecta novas variantes da ferrugem do café
A Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia divulgou, no mês de abril, a descoberta de nove variantes que demonstram ser um fungo mais agressivo entre os tipos conhecidos que causa a doença
A Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia, divulgou no dia 29 de abril de 2021, que foram detectadas novas variantes da ferrugem do café.
De acordo com a agência Reuters, em reportagem divulgada pela revista Forbes, a entidade solicitou aos produtores o plantio de variedades resistentes para que o avanço da doença seja evitado.
A Colômbia, maior produtora global de arábica lavado, possui 855 mil hectares cultivados com café, e cerca de 500 mil famílias dependem dessa atividade.
A ferrugem
A ferrugem é uma doença causada pelo fungo Hemileia vastatrix, que ataca especificamente as folhas do café e arruina os cultivos. Desde 1983, quando a ferrugem foi detectada no país sul-americano, o Cenicafé (Centro Nacional de Pesquisas de Café), braço científico da federação de produtores, identificou 22 variantes do fungo.
“Peço que os cafeicultores estabeleçam ou renovem seus cultivos com variedades resistentes, com material obtido a partir de sementes certificadas”, disse, em nota, Roberto Vélez, gerente geral da federação.
O diretor do Cenicafé, Álvaro Gaitán, afirmou que as condições climáticas e de altitude na Colômbia são favoráveis à ferrugem, principal doença das lavouras de café do mundo e comum a todos os países produtores, que causa perdas de 30% a 80% nas variedades suscetíveis quando um manejo adequado e oportuno não é realizado.
Atualmente, pouco mais de 84% da área de café da Colômbia foi plantada com variedades resistentes. No entanto, 16% ainda são de variedades suscetíveis à ferrugem.
Estratégia
Hernando Duque Orrego, Gerente Técnico da FNC, afirmou que a principal estratégia é a utilização de espécies desenvolvidas pela entidade.
“A principal estratégia de manejo recomendada, que é a mais econômica, sustentável e eficiente, é a semeadura de variedades resistentes, como Colômbia, Castillo®, Cenicafé 1, Castillo zonales. E Tabi, desenvolvido pela FNC/Cenicafé. Caso contrário, a recomendação mais provável seria o controle químico, aplicando fungicidas nas variedades suscetíveis”, disse Orrego.
Medições periódicas do Serviço de Extensão e do Cenicafé mostram que, enquanto a incidência média de ferrugem nas variedades suscetíveis é de 20% ou mais, nas variedades resistentes é de 6% ou menos, o que confirma a força dessas variedades.
“O fungo Hemileia vastatrix que causa a ferrugem, como qualquer outro microrganismo vivo em ambientes adversos e diversos, pode mudar e sofrer mutações tanto em variedades suscetíveis quanto resistentes de café, seu único hospedeiro. Esta seleção e pressão de reação é um processo biológico dinâmico normal do fungo, tentando se adaptar para sobreviver. Assim, foram identificadas pouco mais de 50 raças no mundo e variantes continuam sendo identificadas em diferentes países”, afirma Carlos Ariel Ángel, pesquisador da Disciplina de Fitopatologia do Cenicafé.