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Coordenador Desenvolvimento Técnico da Cooxupé

Ácaro da leprose ou ácaro da mancha anular?

Entenda como a doença avança nos cafezais, quais são seus sintomas e como é feito o tratamento

O ácaro Brevipalpus phoenicis ataca tanto o cafeeiro como o citrus, é muito pequeno, mede aproximadamente de 0,15 a 0,17 mm de comprimento por 0,07 mm de largura. É achatado, apresenta quatro pares de pernas e coloração avermelhada com manchas escuras no dorso. Desde já, a espécie caracteriza-se por possuir duas setas sensoriais. E dissemina-se na cultura pelo vento, aves, insetos e pelo homem durante as práticas culturais. Na cultura do café, pois, o ácaro Brevipalpus phoenicis, quando infectado pelo vírus, causa uma doença denominada mancha anular do cafeeiro e, na cultura do citrus, causa a doença denominada de leprose dos citrus.

Mancha anular

Apesar de serem transmitidas pelo mesmo vetor, o agente causal da mancha anular do cafeeiro é um vírus do grupo Rhabdovirus, o Coffee Ring Spot Virus (CoRSV) (CHAGAS,1988). Já o agente causal da leprose dos citrus é o Citrus Leprosis Virus (CiLV).

Ou seja, os ácaros nascem livres de vírus e causam o dano direto oriundo de sua alimentação, pequenas puncturas que causam ferimentos nos tecidos vegetais. Que podem favorecer a infecção por fungos e causar doenças como a antracnose e cercóspora.

Entretanto, os ácaros, alimentando-se em cafeeiros com a presença do vírus e, uma vez infectados, passam a inocular o vírus da mancha anular. Causando os danos indiretos e mais expressivos. Uma vez infectado, o ácaro não perde mais a sua capacidade de transmissão.

Sintomas da doença

Acima de tudo, o ácaro da mancha anular ocorre durante o ano todo. Porém, as maiores populações tendem a ser verificadas no período mais seco do ano. Geralmente, na maioria dos casos, detectam a presença do ácaro depois de verificar a presença dos sintomas da doença da mancha anular nas folhas e frutos do cafeeiro. O ácaro ataca tanto o cafeeiro Arábica quanto o Canéfora.

Dessa forma, os sintomas se caracterizam por manchas cloróticas de contorno delimitado e, às vezes, com ponto necrótico central, local da punctura. Nas folhas, as manchas apresentam forma de anel no limbo ou alongada, acompanhando as nervuras.

Infecção

Ainda assim, nos frutos, os sintomas aparecem na forma de anéis, que inicialmente são no nível da casca, não havendo depressões. Mas, com a infecção secundária, surgem lesões deprimidas de centro escuro e com casca aderida à semente, abrangendo grande parte ou a totalidade da superfície do fruto.

Em suma, os sintomas nos frutos são visíveis quando atingem a fase de maturação e são de coloração vermelha. Ademais, os produtores encontram os ácaros especialmente no interior dos terços médios e inferiores da planta do café.

Danos causados

Antecipadamente, a doença da mancha anular causa uma desfolha intensa da planta, assumindo o aspecto de uma planta oca. Ocorrendo também queda precoce dos frutos infectados.

De acordo com RES; CHAGAS (2011), prejudicam também a qualidade de bebida. Pois os frutos sintomáticos apresentam menor atividade da enzima polifenoloxidase, maior teor de açucares e de fenólicos totais.

Controle

Em primeiro lugar, a população do ácaro pode ser controlada por ácaros predadores (controle biológico) ou por acaricidas (controle químico). Antes de se iniciar um controle químico, é importante fazer o levantamento da presença de ácaros da mancha anular e de ácaros predadores que fazem seu controle por um consultor técnico ou inspetor de pragas. Que é um profissional treinado para identificação e levantamento das pragas.

Portanto, quando a presença de ácaros da mancha anular for maior que a presença de ácaros predadores (ácaros que fazem o controle natural desses ácaros), é analisado o nível de dano econômico e tomada de decisão em comum entendimento entre o produtor e seu consultor técnico.

Em conclusão, a qualidade de aplicação com um volume de calda que promova uma boa cobertura interna da planta com os acaricidas está diretamente ligada ao bom resultado esperado no seu controle. Nesse sentido, a opção por acaricidas com seletividade fisiológica e seu uso apenas em talhões infestados garantem a manutenção da população de ácaros benéficos na lavoura.

Avaliação visual

Quando, pois, a propriedade não tiver condições de fazer um levantamento periódico da população de pragas e inimigos naturais, recomenda-se que, na fase de maturação dos frutos, seja realizada uma avaliação visual quanto a presença de sintomas de virose a nível de talhões.

Sobretudo, caso haja algum talhão com a presença de virose ao término da colheita e depois das primeiras chuvas, deve, então, ser programada uma aplicação de acaricida registrado para a cultura e para o ácaro da mancha anular. Visando seu controle, impedindo a sequência dos danos para a safra posterior.

Fonte: SANTINATO, F. et al. A moderna cafeicultura brasileira: tecnologias que afetam a produtividade. 1. ed. Jaboticabal: Funep,2022. Cap. 6, p. 475-494.