Pesquisadores avaliam novas cultivares de café

Pesquisadores avaliam novas cultivares de café

Estudiosos acompanham evolução do projeto que identifica variedades do grão mais adequadas a diferentes condições

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Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e da Embrapa Café acompanham a evolução das unidades demonstrativas que integram o projeto de avaliação do desempenho de novas cultivares de café para o estado de Minas Gerais.

“Estamos no terceiro giro de visitas às propriedades, neste momento que marca o primeiro ano dos experimentos no campo”, explica o pesquisador da Epamig, Gladyston Carvalho. Ele é coordenador do projeto.

Antes de mais nada, o trabalho é conduzido em parceria pelas duas instituições. O projeto busca a identificação de variedades de café mais adequadas a diferentes condições de clima, solo e relevo.

As 42 unidades demonstrativas foram implantadas entre o fim de 2021 e o começo de 2022. Em 41 municípios mineiros das regiões Sul, Sudoeste, Oeste, Campo das Vertentes, Zona da Mata, Vale do Rio Doce, Vale do Jequitinhonha, Norte, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

Plantio

Em primeiro lugar, cada uma das propriedades participantes realizou o plantio de 1.600 mudas das 16 novas cultivares de café selecionadas para serem avaliadas.

“Optamos por cultivares do Programa de Melhoramento Genético da Epamig que se destacaram em projetos no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas. E em materiais promissores desenvolvidos pelo Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) do Paraná, pela Fundação Procafé e pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Além da cultivar Catuaí Amarelo IAC 62, que servirá como referência para o estado”, destaca Gladyston.

Contrapartidas

A princípio, os produtores que receberam as unidades demonstrativas assumiram o compromisso de fazer da área uma vitrine para a difusão das experiências para os cafeicultores do entorno.

O modelo já foi testado no Cerrado Mineiro, em parceria com a Federação dos Cafeicultores. E no Sul de Minas, em parceria com a Cooxupé.

Em outras palavras, o modelo prevê que o dono da propriedade seja responsável pelo custeio da lavoura. Além do cultivo ao preparo das amostras para avaliação sensorial.

Do mesmo modo, recebem das instituições parceiras suporte tecnológico como contrapartida.

Experimentos

O engenheiro agrônomo e cafeicultor Sérgio Meirelles Filho conta que abre a propriedade para experimentos em parceria com a Epamig desde 2009. Sua fazenda está localizada na região da Chapada de Minas.

“Estou há 40 anos na atividade. Sempre valorizei essa interação com a área técnica, especialmente para a nossa região, que não conta com trabalhos referência. E, muitas vezes, se baseia em experiências da zona de Manhuaçu, que possui aspectos semelhantes, mas não tem as mesmas características da nossa área”, afirma.

Além disso, Meirelles informa que sua propriedade já é referência para os cafeicultores vizinhos.

“Realizamos dias de campo e sempre compartilhamos os dados oficiais levantados pela Epamig e demais parceiros. No primeiro trabalho conjunto com a Epamig, em 2009, fizemos testes que contribuíram para a validação da cultivar MGS Arañas”, detalha.

Bebidas especiais

Com a nova unidade experimental, o produtor pretende identificar cultivares que melhor se adaptem a áreas irrigadas. Ele tem como foco a produção de bebidas especiais,

“Estou iniciando esse projeto de irrigação. Como a parceria propõe que usemos nossos padrões de manejo e tratos culturais, terei a oportunidade de avaliar qual é a melhor variedade para áreas irrigadas”, comenta Meirelles.

Novas cultivares de café

Já na Fazenda Agrofelício, no município de Felício dos Santos, o objetivo é selecionar novas cultivares de café para a renovação da lavoura.

“Nós estamos sempre abertos a fazer testes. Temos outras duas áreas experimentais, além deste projeto. Não temos possibilidade de expandir a área de cultivo, mas pretendemos investir na renovação da lavoura. E procuramos identificar, dentro das nossas condições de cultivo e manejo, quais as cultivares mais produtivas e melhor adaptadas às nossas características de clima e solo”, pondera o gerente Raphael Marques da Silveira.

Adesão ao projeto

Projeto busca a identificação de variedades de café mais adequadas a diferentes condições de clima, solo e relevo

Atualmente, a definição de um terroir e a busca por uma bebida de qualidade mais elevada foram os fatores que motivaram a adesão da Fazenda Ecoagrícola ao projeto.

A propriedade, no município de Francisco Dumont (MG), conta como uma área de 2.100 hectares e dedica-se à cafeicultura há 46 anos.

“O nosso interesse é mapear a melhor dessas variedades nos quesitos qualidade e produtividade. Vislumbrando a identificação do terroir da nossa região”, justifica o engenheiro agrônomo e gestor agrícola do grupo, Heleno Xavier.

Destaque

Ainda que não tenham atingido a idade produtiva, algumas plantas já estão se destacando em quesitos como crescimento e vigor nas novas cultivares de café.

“Nesse terceiro giro, já visitamos propriedades no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha, no Campo das Vertentes, no Sul de Minas e no Cerrado Mineiro. E temos nos deparado com áreas lindas, cada uma com suas próprias características, que estão se desenvolvendo bem, algumas com certa precocidade”, avalia o pesquisador Gladyston Carvalho.

Do mesmo modo, Heleno Xavier, do Grupo Ecoagrícola, afirma que as expectativas são altas. “Temos duas variedades em campo que sobressaíram em crescimento na comparação com as demais. Ainda é cedo para cravarmos uma projeção de produtividade, mas temos uma boa expectativa”, afirma.

Perspectivas

Além disso, o gerente da Fazenda Agrofelício, Raphael Marques, diz que as perspectivas sobre as novas cultivares de café são de uma boa colheita já na safra de 2024.

“Projetamos que, na primeira produção, algumas pequenas lavouras devam surpreender. Não fizemos nada fora das práticas de costume e tivemos uma conjunção de fatores positivos, como qualidade das mudas e chuva no tempo certo. E o que temos percebido é o melhor plantio de todos os tempos na propriedade, com uma perspectiva de uma precocidade não presenciada antes”, ressalta.

Bem como Sérgio Meirelles Filho, que também espera uma primeira safra promissora. “A expectativa é de uma colheita em quantidade considerável já no próximo ano, com possibilidade de apresentarmos os primeiros resultados”, comenta.