O novo paladar do brasileiro

O novo paladar do brasileiro

Cafés especiais ganham mercado e crescem 15% ao ano motivados pela preferência de consumidores mais exigentes

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Em 2021, um levantamento feito pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado apontou, primeiramente, que o consumo de cafés especiais no Brasil registra aumento médio anual de 15%. Esse crescimento, em especial, demonstra uma mudança de preferência, pois o consumidor está trocando o café preto por um café de melhor qualidade. Portanto, um novo paladar brasileiro.

E, em entrevista para o Conexão Safra, a especialista em cafés, Laís Moreira, comenta que as pessoas tem buscado a “doçura” natural do café, aliada à complexidade de aromas.

Novo paladar do brasileiro

De acordo com Laís, cada vez mais, ocorre a busca por aromas e sabores melhores. “O café especial é o café puro, de qualidade, onde todos os processos são cuidadosamente pensados para entregar uma bebida com muito sabor. Mas, o tradicional é uma junção de muitas matérias e para uniformizar tudo isso ele é exposto a uma torra extremamente alta que chega a carbonizar, por esse motivo traz um sabor amargo e uma coloração preta.”

Café especial, antes de mais nada, é o termo utilizado para nomear o café de mais alto nível disponível no mercado. A nomenclatura foi citada, a princípio, pela norueguesa Erna Knutsen na edição impressa do Tea & Coffee Trade Journal, em 1974.

No entanto, a demanda por um café de maior qualidade só cresceu na década de 2000. E os métodos de cultivo desses cafés apresentam, sobretudo, padrões superiores aos cafés tradicionais.

Para ser especial, o grão deve preencher três requisitos mínimos, que são: ser colhido através da colheita seletiva de grãos maduros, ter no máximo cinco defeitos por sacas de 350g e, por fim, na avaliação de especialistas em notas que vão de 0 a 100, só serão considerados especiais aqueles que pontuarem com, no mínimo, 80.

As sacas especiais podem custar até R$ 20 mil, enquanto versões tradicionais e facilmente encontradas para a comercialização, os valores chegam, em síntese, a até R$ 2,3 mil.

Café especial ganha espaço

No Brasil, desde já, os apreciadores desse tipo de grãos vêm crescendo. De acordo com pesquisa realizada pela ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café) foi observado, por exemplo, que dos 1.435 entrevistados, 25% preferem o café tradicional, 8% o extra-forte, 11% o superior, 35% o gourmet, enquanto 21% tem preferência pelo café especial.

Laís vê, desse modo, uma mudança no comportamento do consumidor que está cada vez mais exigente. “Assim como aconteceu com o vinho, o azeite, o chocolate e a cerveja ocorre, também, com o café. A busca por qualidade está cada vez maior”.

A bebida de caráter social, à primeira vista, sempre esteve presente na mesa dos brasileiros. E nessa mudança de hábito percebe-se ainda, uma maior preocupação com a origem do produto. Bem como a região de cultivo e, por fim, o processo que aquele café passou até chegar à xícara do consumidor final.

A especialista explica, do mesmo modo, que a maior divulgação dos cafés e de conteúdos especializados foram essenciais para essa mudança de perfil. Além disso, o crescimento de cafeterias que oferecem o item contribui, em suma, para que mais brasileiros conheçam um produto de melhor qualidade.