Mapa estuda novos modelos para financiar práticas descarbonizantes
Pasta avalia que Brasil pode ser uma liderança global em práticas sustentáveis na produção de alimentos
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) começou a discutir novos modelos de financiamento para a adoção de práticas descarbonizantes. As informações estão na publicação oficial no site da pasta.
Práticas descarbonizantes
De acordo com a secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Mapa, Renata Miranda, a princípio, a ideia é estimular as boas iniciativas ambientais.
E, assim, aproximar produtores, o setor privado e demais interessados para que o Brasil aumente a sua capacidade em mitigar a emissão de carbono.
“Vamos modelar uma prática de crédito que vai disponibilizar taxas de juros menores quanto maior for o apetite do produtor em adotar tecnologias sustentáveis. Podemos ser protagonistas desse mercado no mundo através da descarbonização da agricultura. Temos muito a trabalhar, mas com certeza temos muito a produzir nesse setor”, disse a secretária.
O tema foi debatido, ainda, em reunião com o diretor do Earth Innovation Institute, Daniel Nepstad, e Guilherme Quintella, da Taxo Agroambiental.
Para o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a descarbonização da agricultura brasileira deve ser implementada com prioridade no país. “É a contemporaneidade do Ministério da Agricultura que quero deixar como legado”, comentou.
Liderança global
O sequestro do carbono no solo depende de fatores como, por exemplo, a cobertura vegetal, práticas de manejo e classes de solo.
A adoção de práticas agrícolas sustentáveis como o Sistema de Plantio Direto e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta pode, evidentemente, aumentar o estoque de carbono do solo. E, desse modo, reduzir a liberação do gás carbônico na atmosfera.
De acordo com Nepstad, o Brasil pode ser uma liderança global na descarbonização da produção de alimentos. “O Brasil está muito bem posicionado, todas as ferramentas e oportunidades estão aí e está na hora de implementar isso. Hoje existem oportunidades de conseguir o financiamento e os sinais do mercado necessários para fazer essa transição”, afirmou.
Para Quintella, da Taxo Agroambiental, o país deve avançar na busca de procedimentos de quantificação e identificação do carbono no solo. “É muito importante que o Brasil avance nessas discussões, especialmente no carbono do solo do Cerrado, onde o Brasil domina essa tecnologia com maestria. O papel da Secretaria e do Mapa é enorme na identificação e na qualificação desses padrões de sequestro de carbono”, disse.
O assessor especial do Mapa, Carlos Augustin, também participou da reunião.
Incentivos ao setor
Na semana passada, profissionais de diversos segmentos se reuniram em torno do assunto em São Paulo.
Estiveram presentes representantes das indústrias de bioinsumos, de empresas que trabalham com crédito de carbono, da Embrapa, de universidades e do Mapa.
E eles esboçaram, em suma, que uma política pública de incentivo seja delineada para incentivar uma produção agropecuária mais sustentável.