Fórum Café e Clima: produção de café depende de manejo do produtor, fisiologia do cafeeiro e condições meteorológicas

Fórum Café e Clima: produção de café depende de manejo do produtor, fisiologia do cafeeiro e condições meteorológicas

Palestra de evento promovido pela Cooxupé mostrará as consequências das condições meteorológicas em cada fase do desenvolvimento do cafeeiro

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Os pés de café passam por diferentes fases fenológicas durante seu ciclo de desenvolvimento. Ainda assim, cada etapa responde de maneira diferente às condições meteorológicas. Dessa forma, as fases vegetativas e reprodutivas do ciclo fenológico levam dois anos para se completar. Portanto, o sucesso da produção está associado à combinação das condições meteorológicas ocorridas no período e as condições de manejo adotados pelo produtor.

Durante o 5º Fórum Café e Clima, promovido pela Cooxupé, uma palestra discutirá as condições meteorológicas e suas consequências nas regiões em que a cooperativa atua. O palestrante será Guilherme Vinícius Teixeira, engenheiro agrônomo do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé.

De acordo com Teixeira, a palestra terá como objetivo discutir as condições meteorológicas ocorridas desde agosto de 2021 e as possíveis influências em cada fase de desenvolvimento do cafeeiro.

“Levaremos em conta o monitoramento do volume pluviométrico e temperatura, além do acompanhamento do armazenamento de água no solo, déficit hídrico e radiação, com a finalidade de mostrar o comportamento do cafeeiro diante as condições meteorológicas. E, ao mesmo tempo, fornecer aos técnicos dados que permitem interpretar as influências das condições meteorológicas sobre a ocorrência de estresse na planta e no manejo de pragas e doenças”, detalha.

Impactos climáticos

Desde de janeiro de 2021, o cafeeiro sofre impactos climáticos. De acordo com o engenheiro, nos primeiros meses daquele ano, houve redução do volume de chuva estendendo até agosto. Tudo isso gerou elevação do déficit hídrico, que é a falta de água que as plantas foram submetidas.

“Ainda durante o mês de julho de 2021, passamos por três frentes frias que provocaram alto estresse nas plantas e redução significativa de área foliar, comprometendo a safra de 2022. Já em outubro de 2021 e janeiro de 2022, foi registrado alto volume pluviométrico, com dias nublados e baixa radiação solar. Ou seja, comprometendo a eficiência da fotossíntese e, por consequência, a redução do peso dos frutos. Além de dificultar os tratos culturais na hora certa”, ressalta Teixeira.

Chuvas

Já em 2022, os primeiros meses não foram diferentes. Conforme o engenheiro agrônomo, os registros de chuvas abaixo da média reduziram o armazenamento de água no solo, aumentando o déficit hídrico em março e estendendo o período de seca até agosto do ano passado. A partir de setembro daquele ano, apesar das chuvas acima da média e florada exuberante no fim do mês, houve registro de amplitude térmica, influenciando no pegamento floral.

“Em outubro e novembro de 2022, registramos chuvas irregulares de granizo em quase todos os municípios acompanhados pela Cooxupé. Gerando estresse nas plantas, ferimentos, redução de área foliar e comprometimento na produção 2023. Em dezembro de 2022 e janeiro de 2023 foi registrado grande volume de chuva, além de muitos dias com chuvas no período. Dificultando os tratos culturais como adubação, manejo fitossanitário e controle do mato. Também registramos redução no volume de chuva em fevereiro e março, com temperatura acima da média histórica. Abril contou com chuvas irregulares e registro de déficit hídrico. Já em maio e junho tivemos chuvas abaixo da média histórica e redução do armazenamento de água no solo”, destaca Teixeira.

Cuidados com o cafeeiro

Por fim, o palestrante explica que as condições do clima registradas no período de agosto de 2021 a junho de 2023 impactaram de forma significativa as projeções para a safra cafeeira atual.

Por isso, ele orienta que é muito importante que os cafeicultores cooperados acompanhem as condições meteorológicas ocorridas durante as fases fenológicas do cafeeiro. De modo a acompanhar o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo para não ter surpresas desfavoráveis.

“Também é preciso utilizar os dados gerados para auxiliar na tomada de decisão assertiva. Principalmente em relação aos tratos culturais necessários em cada fase de desenvolvimento. Além disso, recomendamos o desenvolvimento de práticas conservacionistas de solo. Assim como a manutenção da correção e fertilidade, acompanhamento do manejo fitossanitário. E, se possível, a adoção de sistemas de irrigação para minimizar perdas por déficit hídrico”, finaliza Teixeira.

Programe-se

5º Fórum Café e Clima da Cooxupé

  • Data: 27 de julho
  • Horário: das 14h às 17h
  • Evento também será transmitido pelo portal Hub do Café e pela página da cooperativa no Youtube

Programação:

  • 14h00: Abertura com Diretoria Executiva da Cooxupé
  • 14h15: Palestra de Guilherme Vinícius Teixeira, engenheiro agrônomo do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé. Tema: as condições meteorológicas e suas consequências nas regiões em que a cooperativa atua.
  • 15h00: Palestra de Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da empresa Rural Clima. Tema: as previsões de clima para os próximos meses nas diversas regiões cafeeiras do Brasil.
  • 15h45: Palestra de José Donizete Alves, professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Tema: como as condições meteorológicas ocorridas entre agosto de 2021 a abril 2023 afetaram a safra atual de café.
  • 16h30: Debate
  • 17h: Encerramento