Mudanças climáticas podem afetar 50% da área para café até 2050
Estimativa de risco para as lavouras é do presidente da empresa italiana illycaffè, Andrea Illy
As mudanças climáticas e os eventos extremos poderão afetar em mais de 50% dos terrenos atualmente plantados com café até 2050. Assim, estima-se que essas áreas não serão mais adequadas para a produção de café, segundo reportagem da agência ANSA e publicada na revista IstoÉ.
Quem fez a previsão foi o presidente da empresa italiana illycaffè, Andrea Illy, ressaltando que o café é “muito sensível às mudanças climáticas”.
“A primeira a sofrer o impacto será a qualidade, seguida da quantidade, então o grande desafio será praticar uma agricultura regenerativa e focar na qualidade”, disse o executivo à ANSA durante o Ernesto Illy International Coffee Award, que reconhece o produtor do melhor café sustentável e que premiou em 2021 o indiano Jumboor Estate.
Mudanças climáticas
Segundo o executivo, o desafio será não apenas conseguir produzir nas condições atuais, cada vez mais adversas do ponto de vista climático, mas também aumentar a produção para satisfazer a crescente demanda.
Isso sem recorrer às más práticas do passado, como desmatamento, além de melhorar a qualidade.
“É possível vencer o desafio por meio de investimentos nas plantações, estou convencido de que conseguiremos e que será um sucesso”.
No Brasil
Os eventos extremos do clima já comprometeram a safra 2022/23 de café do Brasil. Assim, segundo uma estimativa feita por um consultor de agronegócio ao Canal Rural, a perda pode chegar a 12 milhões de sacas de café arábica.
A reportagem mostra ainda que, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a produção brasileira de café arábica colhida este ano ficou em 35 milhões de sacas. Ou seja, número 30% menor em comparação com o ano anterior. Isto porque 2021 foi um dos anos mais desafiadores da cafeicultura no Brasil, que sofreu com a forte seca no final de 2020.
O consultor de agronegócio do Itaú BBA, César de Castro, disse ao Canal Rural que, para o ano que vem, estima-se uma safra entre 38 e 48 milhões de sacas. Ou seja, perda de até 12 milhões ante as 50 milhões de sacas deste ano.
Eventos extremos do clima
Por outro lado, César Castro diz que muitas regiões não sofreram problemas com o clima. Como a produção de café robusta no Espírito Santo e na produção de café arábica em algumas regiões. No entanto, ele estima que só vão saber mesmo os efeitos causados pelo clima entre fevereiro e março do ano que vem. Ou seja, quando as plantas vão ficar mais perceptíveis.