Banco lança 1ª linha de financiamento para resiliência hídrica do café brasileiro

Banco lança 1ª linha de financiamento para resiliência hídrica do café brasileiro

Aporte de R$ 1,6 milhão será destinado a produtores do Consócio Cerrado das Águas, de Minas Gerais, e terá a Cofco como empresa parceira

3 minutos de leitura

A Rabo Foundation, braço de investimento de impacto do banco holandês Rabobank, o Consórcio Cerrado das Águas (CCA) e a Cofco Internacional acabam de firmar o primeiro financiamento de impacto voltado à resiliência hídrica da cafeicultura brasileira.

Desde já, a operação de crédito, inédita por seu viés hídrico, terá como foco propriedades cafeeiras da região do Cerrado Mineiro. De antemão, a garantidora da operação e da compra do café será a Cofco International, uma das maiores tradings do mundo e membro-associado do CCA. Além de uma das idealizadoras do projeto.

“Para que projetos como esse sejam permanentes e gerem resultados duradouros e replicáveis, é necessário a participação de diversos stakeholders da cadeia de valor. Este foi o fator que fez a Cofco International integrar o arranjo e engajar a participação de outros players de diferentes segmentos da cadeia de valor no projeto.  Desta maneira, a empresa, juntamente com os demais parceiros, busca garantir uma maior resiliência da cultura cafeeira. E que os benefícios e conhecimentos gerados no campo sejam carreados até o consumidor final”, afirma Julia Moretti, Global Head de Sustentabilidade da Cofco International.

Resiliência hídrica

Antes de mais nada, o projeto terá duração de uma safra. Neste primeiro ano, envolverá 10 fazendas de médio porte participantes do Programa de Investimento no Produtor Consciente do CCA. Ademais, localizadas no entorno de Patrocínio, região de Minas Gerais com forte vocação para a cafeicultura. E, como em outras áreas do país, com grandes desafios de sustentabilidade hídrica.

Cada propriedade, pois, receberá entre R$ 130 mil e R$ 150 mil ao longo deste período. Além disso, os participantes receberão orientação técnica do Consórcio para a implementação das intervenções de campo necessárias para a chamada “Agricultura Climaticamente Inteligente”, com foco em resiliência hídrica.

“Este financiamento é um piloto que fornece os meios para começar a valorizar a relevância de uma melhor gestão da água na agricultura”, diz Lygia Freire Cesar, gerente de programa na Rabo Foundation para a América Latina.

Ela complementa: “No Brasil, nosso foco de atuação está no Cerrado por ser um bioma ainda pouco atendido pelo investimento de impacto. E por ser crucial sob o ponto de vista de abastecimento de lençóis freáticos e suprimento de água”.

Financiamento

Ainda assim, o financiamento, costurado pela consultoria Alimi Impact Ventures e demais parceiros, segue uma estrutura de investimento de impacto. Nesse sentido, o produtor acessa o recurso a taxas de juros abaixo do mercado. Em contrapartida, entrega indicadores pré-estabelecidos para a resiliência hídrica na propriedade e na bacia hidrográfica em que está inserido.

Dessa forma, o Consórcio Cerrado das Águas provê o recurso financeiro ao produtor via emissão de Cédulas do Produtor Rural (CPR). E é responsável pela orientação técnica, desde o diagnóstico até o monitoramento das áreas com estratégias implementadas. 

“O foco dessa linha de financiamento é no produtor médio, com áreas consolidadas de café de até 160 hectares. Ou seja, não é pequeno o suficiente para acessar linhas de financiamento subsidiadas, nem grande o suficiente para negociar condições favoráveis de financiamento. Outro ponto é o potencial do médio em engajar os pequenos produtores na implementação de estratégias benéficas para o solo e água”, afirma Angélica Rotondaro, sócia-fundadora da Alimi.

Taxa de juros menor

De acordo com ela, a taxa de juros menor que a do mercado só foi possível no projeto-piloto pelo envolvimento da Rabo Foundation com o capital concessionário e da Cofco. Tanto como comprador da matéria-prima como garantidor da operação, sem intermediários financeiros. 

“No caso deste projeto, essa maior resiliência ocorrerá no manejo de recursos hídricos e na adaptação da cultura em um cenário de mudanças climáticas. Acreditamos nesse piloto por ser uma ferramenta efetiva para a mudança e adoção de práticas conservativas, com a disponibilização do financiamento e a negociação da produção ao final do ciclo”, diz Moretti.

Em suma, a parceria conta com o apoio do Rabobank Brasil, por meio de sua expertise e conexão com sua rede de clientes e parceiros, para colaborar com a estrutura de de-risking.

Por fim, clique aqui para saber mais sobre essa linha de financiamento para resiliência hídrica do café brasileiro.