Especialíssimo 2022: ano favorável para o café pode render lotes ainda mais nobres
Período de colheita foi marcado pelo baixo volume de chuvas, o que favoreceu a qualidade do grão
Um grão de café de qualidade precisa, entre outras coisas, ter um bom aspecto, umidade adequada e sabor agradável, além de reunir atributos como acidez, doçura, balanço, corpo e retrogosto, principalmente. E este ano, um aspecto essencial contribuiu para que a safra 2022 do café arábica fosse considerada mais positiva: o baixo volume de chuvas.
Ano favorável para o café
O menor volume de chuvas influencia, primordialmente, na qualidade do grão, pois a baixa umidade relativa do ar é desfavorável para o desenvolvimento de fungos e bactérias que causam fermentações indesejáveis nos grãos, como explica o coordenador de Desenvolvimento técnico da Cooxupé, Eduardo Renê da Cruz.
“O ano foi, realmente, muito favorável para a qualidade do café e produção de cafés especiais devido ao baixo volume de chuva durante a colheita. Entre maio e agosto (período de colheita) praticamente não tivemos chuvas, o que favoreceu a qualidade”, explica.
Por outro lado, Renê cita quais seriam os prejuízos decorrentes do excesso de precipitação. “A ocorrência de chuvas neste período pode causar uma maior queda dos frutos na lavoura, aumentando a quantidade de café no chão que normalmente tem menor qualidade, além de causar fermentação dos frutos ainda na planta devido à umidade relativa muito elevada”, diz.
Por fim, ele frisa ainda sobre os impactos para o processo de secagem. “A chuva em excesso prejudica, também, o café que já foi colhido e que ainda está no processo de secagem no terreiro. Durante a secagem, o café não pode tomar chuva, pois podem ocorrer fermentações indesejáveis nos grãos”, reforça o coordenador de Desenvolvimento técnico da Cooxupé.
Impactos do clima
A planta de café tem, antes de mais nada, uma capacidade muito grande de recuperação se o clima for favorável. E, sobretudo, se chover na hora certa.
“Como falamos, a chuva no período de colheita pode trazer muitos prejuízos. Porém, no período da florada, ela passa a ser determinante para o pegamento da florada e desenvolvimento dos frutos, afirma Renê.
Dessa forma, a expectativa é que o Especialíssimo, que seleciona e premia os 50 melhores lotes recebidos pela Cooxupé, apresente cafés ainda mais nobres.
Tecnologia em campo
De acordo com o Engenheiro Agrícola da Cooxupé, Felipe Mesquita, cada vez mais se mostram necessários os investimentos em tecnologia, pensando, especialmente, numa agricultura mais forte e que consiga, acima de tudo, avaliar a condição atual e prever o momento futuro.
“A cada ano, observamos que os cooperados vêm aprimorando seus processos, buscando tecnologias, inovações e aplicando boas práticas, principalmente, nas etapas de pós-colheita. Neste sentido, é preciso reconhecer o trabalho da Cooxupé que está ao lado dos cooperados fornecendo uma assistência técnica que lhes dê as condições de buscar o mais alto potencial de qualidade de seus cafés”, frisa Mesquita.
Especialíssimo 2022
Nesse ano, em síntese, o Especialíssimo recebeu 1.841 lotes de café, que serão avaliados e pontuados de acordo com as regras do programa.
Como resultado, o número representa um recorde de recebimento de cafés especiais desde o lançamento – em 2016 – e significa, também, um aumento de 53% em relação ao ano anterior, o que mostra a valorização da iniciativa.
Desse modo, no dia 25 de novembro a Cooxupé realiza uma cerimônia em que serão revelados os 50 melhores lotes, que receberão até R$ 330 mil em prêmios. E, por fim, os cafés escolhidos terão, pois, a oportunidade de integrar os blends de edições limitadas e especiais da Torrefação Cooxupé.
“O programa é um estímulo para que os cooperados busquem, cada vez mais, a produção de cafés especiais. Um nicho que traz mais competividade e rentabilidade às famílias produtoras”, explica o vice-presidente da Cooxupé, Osvaldo Bachião Filho.
Mas, o que é especial?
Imediatamente, para ser especial, o café precisa ter qualidade superior aos cafés gourmet, superiores e tradicionais. Todavia, para determinar essa qualidade é preciso muita preparação, contando com uma avaliação feita por profissionais.
Assim, após pontuar cada atributo é necessário calcular o Resultado Final, que define a graduação do café.
Toda avaliação dos lotes é feita por meio de uma prova cega, ou seja, os classificadores analisam os atributos sem terem conhecimento da procedência do grão, avaliando acidez, doçura, corpo, balanço e retrogosto.
Ao passo que, nas amostras, também são analisados os aromas presentes na bebida como, por exemplo, frutados, enzimáticos, caramelados e florais.